Sindicato diz que plano para a TAP tem a “receita” do resgate da troika

Sindicato dos Trabalhadores dos Transportes da Área Metropolitana do Porto pede uma reflexão para a TAP “muito para além dos números e da folha de cálculo”.

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O Governo tem de entregar o plano de reestruturação à Comissão Europeia até 10 de Dezembro Rui Gaudêncio

O Sindicato dos Trabalhadores dos Transportes da Área Metropolitana do Porto (STTAMP) considerou neste domingo que o plano de reestruturação da TAP “utiliza a mesma receita” daquela aplicada ao país nos “tempos do resgate financeiro”.

“Não podemos aceitar nem concordar com a forma como o plano foi desenhado, uma vez que esta restruturação aplica a mesma receita na TAP que foi aplicada ao país nos tempos do resgate financeiro, que não nos podemos esquecer o quão dura foi também para os trabalhadores da TAP, nessa altura”, sublinhou, em comunicado.

O plano de reestruturação da TAP prevê o despedimento de 750 trabalhadores de terra e corte de 25% na massa salarial, excepto nos ordenados mais baixos, segundo um comunicado conjunto de sete sindicatos, divulgado no sábado.

“No que concerne ao pessoal de terra, redução de 450 trabalhadores da M&E, mais 300 trabalhadores da sede, isto é, um total de 750 trabalhadores de Terra”, lê-se no comunicado assinado pelo Sindicato dos Economistas (SE), Sindicato dos Engenheiros (SERS), Sindicato dos Contabilistas (SICONT), Sindicato das Indústrias Metalúrgica e Afins (SIMA), Sindicato Nacional dos Trabalhadores da Aviação Civil (SINTAC), Sindicato dos Quadros da Aviação Comercial (SQAC) e pelo Sindicato dos Técnicos de Handling de Aeroportos (STHA).

Esta estrutura sindical disse não compreender que o actual Governo, liderado pelo socialista António Costa, na altura “tão crítico” de políticas de austeridade e de reduções salariais, venha agora elaborar um plano de restruturação da companhia aérea nacional assente nos mesmos pressupostos.

“É, neste momento, que o país deve fazer uma reflexão muito para além dos números e da folha de cálculo, sabendo que poderão ser destruídos milhares de postos de trabalho directos e não sabemos quantificar quantos mais poderão ser sacrificados indirectamente”, entendeu.

O sindicato considerou ser tempo de reflectir porque se tratam de vidas, de pessoas e de famílias que, desde Março, tem “fortes reduções salariais” e que, neste momento, se debatem com a iminência do desemprego ou diminuição do seu rendimento.

É importante que haja uma consciência nacional do impacto destas medidas nas contas do Estado, quer pela via do pagamento de subsídios de desemprego, quer pelas reduções das contribuições dos trabalhadores e dos impostos pagos pela TAP, vincou o STTAMP.

O plano de reestruturação da TAP, elaborado pela consultora Boston Consulting Group (BCG), no âmbito do apoio estatal de até 1200 milhões de euros, tem de ser entregue à Comissão Europeia até 10 de Dezembro.