SITAVA diz que não aceita “imposições e factos consumados” na TAP
Estrutura sindical foi uma das que esteve reunida com responsáveis da empresa no segundo e último dia da ronda ligada ao plano de reestruturação.
No segundo e último dia da ronda de reuniões da TAP com os sindicatos, esta sexta-feira foi a vez do SITAVA (pessoal de terra) mostrar o seu desagrado pela falta de informações concretas ligadas ao plano de reestruturação. Em comunicado, a estrutura sindical refere que o encontro foi “uma exaustiva explanação sobre a situação da empresa que todos nós já conhecemos”.
O SITAVA recorda que todas as companhias áreas, a nível global, estão a atravessar dificuldades pelas restrições à movimentação e queda da procura, pelo que, defende, o problema não está “num qualquer desequilíbrio estrutural da TAP que seja necessário corrigir, mas sim na calamitosa situação sanitária que o mundo atravessa”.
Realçando que não está a verifica-se um diálogo no que toca ao plano de reestruturação, que terá de ser entregue até dia 10 de Dezembro em Bruxelas devido às ajudas de Estado em curso (1200 milhões de euros este ano) e implica uma redução da sua dimensão, o SITAVA diz que não aceita “imposições e factos consumados”.
“Os trabalhadores da TAP estão a dar muito do seu salário, e por isso exigem que a comissão executiva informe o estado das negociações que certamente têm acontecido, para reestruturar a componente de custos da empresa”, refere este sindicato, afecto à CGTP.
As reuniões, convocadas pela administração da empresa – embora nenhum dos seus membros tenha participado nos encontros –, começaram esta quinta-feira. No caso do Sindicato Nacional do Pessoal de Voo da Aviação Civil (SNPVAC), o seu presidente, Henrique Louro Martins, referiu ter saído da reunião com “uma mão cheia de nada”. Ficou, disse, “o receio de que seja imposta uma solução”, sem margem para negociações e contrapropostas. Deverá realizar-se agora um encontro entre as estruturas sindicais da TAP e o ministro das Infra-estruturas, Pedro Nuno Santos, mas que ainda não está agendado.
No final do ano passado, a frota do grupo era composta por cerca de 105 aviões, dos quais perto de 90 ao serviço da TAP SA e os restantes da Portugália. Recentemente, o ministro das Infra-estruturas, Pedro Nuno Santos, afirmou no Parlamento que algumas encomendas estavam a ser canceladas e que a empresa estava “a negociar a devolução de alguns aviões”.
Em 2019, ano em que o grupo teve um prejuízo de 105,6 milhões de euros, os gastos com pessoal foram a segunda grande rubrica de gastos do grupo TAP, no valor de 751,9 milhões de euros, 7% acima de 2018. O combustível para aeronaves chegou aos 789,6 milhões. Olhando apenas para a TAP SA, a companhia área subiu os custos com pessoal em 11,7%, para 678,6 milhões de euros. Em 2015, ano da privatização, a TAP SA contava com 7284 trabalhadores, número que passou para 9006 no final de 2019.