Ordem dos Médicos pede transparência e equidade na vacinação contra a covid-19

Ordem defende que a estratégia de vacinação deve ser “clara e ter objectivos bem definidos”, com o objectivo de minimizar a sobrecarga a que o SNS tem estado sujeito.

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Vacina contra a covid-19 poderá ser aprovada já em Dezembro Reuters/David Himbert

O bastonário e o Gabinete de Crise para a covid-19 da Ordem dos Médicos pediram este sábado transparência, equidade e fundamentação na vacinação contra o novo coronavírus, manifestando disponibilidade para colaborar na proposta de vacinação nacional.

“As vacinas só são eficazes se forem administradas, pelo que todo este processo deve pautar-se pela maior transparência, rigor e fundamentação científica”, refere uma nota de imprensa da Ordem dos Médicos, na sequência de notícias sobre os grupos prioritários de vacinação.

A questão de quem deve ter prioridade nas vacinas à covid-19 gerou polémica na sexta-feira em Portugal, com a possibilidade, noticiada na imprensa, de que maiores de 75 anos sem comorbilidades ficavam de fora do acesso prioritário à vacina.

A situação surgiu por existir uma proposta de especialistas da Direcção-Geral da Saúde (DGS) de que pessoas entre os 50 e os 75 anos com doenças graves, funcionários e utentes de lares de idosos e profissionais de saúde devem ser os primeiros a ser vacinados.

O líder do núcleo de coordenação da task force criada pelo Governo para coordenar todo o plano de vacinação contra a covid-19 disse no mesmo dia à Lusa que a proposta apresentada pela DGS “não tem qualquer limite de idade para as pessoas internadas em lares”.

Os residentes em lares, de qualquer idade, os funcionários destas instituições, os profissionais de saúde, das forças de segurança e os idosos com comorbilidades severas são os grupos prioritários propostos pela DGS para a vacina contra a covid-19, declarou Francisco Ramos.

Na nota de imprensa, o bastonário Miguel Guimarães e o Gabinete de Crise defendem que “a estratégia de vacinação deve ser clara e ter objectivos bem definidos, assentes na prevenção e minimização da mortalidade, morbilidade e da sobrecarga” do Serviço Nacional de Saúde.

“A estratégia de vacinação nacional deve estar articulada com as estratégias de vacinação dos restantes países na União Europeia” e do Centro Europeu de Prevenção e Controlo de Doenças, além de “ter em consideração” a ligação de Portugal aos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa.

O documento insiste na “importância da equidade para vacinar primeiro quem mais beneficia em termos de gravidade e risco de exposição e transmissão, bem como o respeito pela fundamentação técnico-científica assente numa comunicação responsável e coerente”.

Reconhecendo que “a vacinação contra o SARS-CoV-2 é uma medida essencial para ultrapassar esta grave crise, devolver a todos uma vida sem medo, salvar a economia e travar a pobreza”, a Ordem dos Médicos reitera “total disponibilidade para colaborar na proposta de vacinação nacional e contribuir para a sua implementação”.

Na sexta-feira, o bastonário da Ordem dos Médicos assumiu que lhe causa confusão e estranheza que os mais idosos não possam ser vacinados contra a covid-19, aguardando conhecer os critérios da DGS.

Numa primeira análise, Miguel Guimarães considerou “estranho” que pessoas “mais frágeis, menos resistentes e que sofrem mais com a infecção não estejam a ser protegidas”, remetendo para mais tarde uma “resposta mais concisa” sobre o assunto.

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, considerou-a uma “ideia tonta” e o primeiro-ministro, António Costa, rejeitou essa possibilidade.

Portugal contabiliza pelo menos 4276 mortos associados à covid-19 em 285.838 casos confirmados de infecção, segundo o último boletim da DGS.