Morreu o coronel Luís Macedo do movimento dos “capitães de Abril”, vítima da covid-19
Luís Macedo, que morreu vítima da covid-19, foi um dos principais capitães de Abril e braço direito de Otelo Saraiva de Carvalho.
O coronel Luís Macedo, que fez parte do grupo de engenharia do Exército que concebeu e organizou o plano da revolução de 1974, faleceu vítima da covid-19, anunciou este domingo o presidente da Associação 25 de Abril, Vasco Lourenço.
“É com imenso pesar e enorme dor que comunicamos o falecimento do nosso sócio fundador, coronel Luís Ernesto Albuquerque Ferreira de Macedo, após uma prolongada e dura luta contra a covid-19. Luís Macedo foi um dos principais capitães de Abril, com relevante importância em todo o processo do 25 de Abril”, referiu Vasco Lourenço.
Em comunicado, o presidente da Associação 25 de Abril destacou que Luís Macedo integrou “um notável grupo da engenharia do Exército, que se distinguiria no colectivo do Movimento dos Capitães, mola impulsionadora e agente fundamental da libertação de Portugal e dos portugueses”.
O coronel Vasco Lourenço apontou depois que Luís Macedo foi “braço direito e o principal apoio” de Otelo Saraiva de Carvalho.
“Se na concepção da ordem de operações foi de enorme importância, seria na obtenção e organização do espaço onde se instalou o Posto de Comando do MFA (Movimento das Forças Armadas) que o papel de Luís Macedo foi determinante. Foi ele que na sua unidade, o RE1, organizou, preparou e coordenou a partir do posto na Pontinha, onde Otelo [Saraiva de Carvalho] e a sua equipa dirigiram todas as operações”, salientou Vasco Lourenço.
Nas operações militares do 25 de Abril de 1974, Luís Macedo esteve ainda na Praça do Comércio dando apoio ao capitão Salgueiro Maia.
“Na luta pela consolidação de Abril, Luís Macedo integrou o Conselho da Revolução (ele que já pertencera à Comissão Coordenadora do Movimento dos Capitães) entre Março e Setembro de 1975. Recordo-o como um importante elemento, com toda a sua força e juventude, ao serviço da Revolução Portuguesa”, escreveu ainda o presidente da Associação 25 de Abril.
Vasco Lourenço, no entanto, lamentou que Luís Macedo tivesse sido depois “uma das vítimas da marginalização e perseguição que a estrutura político/militar promoveu, subtilmente, aos capitães de Abril”, o que o levou a retirar-se da carreira militar e seguir para Moçambique.
“O seu carácter, a sua ética, não lhe permitia pactuar com a incompetência, a hipocrisia e a cega ignorância. O Exército perdeu um dos seus melhores, o mundo civil ficou a ganhar, como em tantos outros casos. O Luís Macedo, não o escondamos, é bem o exemplo de um valor que o Portugal de Abril não soube, não quis aproveitar, por revanchismo, para com os que haviam ousado ter a coragem de avançar para o derrube do fascismo, do colonialismo e para a abertura das portas à liberdade e à paz”, acrescentou Vasco Lourenço.