Joe Biden nomeia veterano Ron Klain para seu chefe de gabinete na Casa Branca

Foi o “czar” da Administração Obama para a gestão do vírus do Ébola e trabalhou vários anos com Joe Biden, na Casa Branca e no Congresso. Donald Trump continua a bloquear transição e as entradas e saídas continuam na Casa Branca.

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Ron Klain com Joe Biden, em 2014 Reuters/Larry Downing

O Presidente eleito dos Estados Unidos, Joe Biden, nomeou Ron Klain para chefe de gabinete da Casa Branca, um veterano que trabalhou com o democrata ao longo dos anos e que tem sido um forte crítico de Donald Trump na gestão da pandemia.

O advogado de 59 anos tem uma vasta experiência no Capitólio, tendo servido como conselheiro do ex-Presidente Barack Obama e como chefe de gabinete do então vice-presidente Joe Biden, com quem também trabalhou no Congresso no final da década de 1980, quando Biden era senador pelo estado do Delaware.

Klain foi um dos principais conselheiros nos primeiros anos de Obama na Casa Branca, tendo participado na elaboração de um pacote de estímulos económicos de mais de 787 mil milhões de dólares lançado pela Administração Obama para enfrentar a crise económica, destaca o The Guardian

Em 2014, o advogado foi escolhido para coordenar a resposta da Casa Branca ao surto do vírus do Ébola, um trabalho que lhe valeu enormes elogios e que terá contribuído para a escolha para chefe de gabinete na Casa Branca, onde o combate à pandemia de covid-19 será uma das prioridades, conforme tem vincado Joe Biden.

“A sua vasta e variada experiência e capacidade para trabalhar com pessoas de todo o espectro político é precisamente aquilo que preciso num chefe de gabinete da Casa Branca, quando enfrentamos este momento de crise e de voltar a unir o país”, afirmou o Presidente eleito, em comunicado, referindo-se a Ron Klain como um “inestimável” conselheiro.

“Sinto-me honrado com a confiança do Presidente eleito e darei tudo para liderar uma equipa talentosa e diversificada da Administração Biden-Harris”, reagiu no Twitter Klain​, que também foi chefe de gabinete do vice-presidente Al Gore e foi advogado do candidato democrata à Casa Branca em 2000, no processo de recontagem de votos na Florida, que acabaria com a eleição de George W. Bush.

“Experiência profunda” 

A escolha de Klain tem agradado a várias figuras do Partido Democrata, que o têm felicitado. Entre elas, os ex-candidatos às presidenciais de 2020 Pete Buttigieg, que destacou a sua “experiência profunda”, e Elizabeth Warren, que sublinhou a “excelente escolha” de uma pessoa que “conquistou a confiança de todo o Partido Democrata” e “compreende a magnitude da crise económica e sanitária”. 

Nos próximos dias, é expectável que Joe Biden revele mais alguns nomes de funcionários que vão integrar o seu gabinete na Casa Branca. Quanto aos principais nomes para a sua Administração, Biden disse que só deverão ser revelados no final do mês, perto do Thanksgiving (Dia de Acção de Graças), este ano celebrado a 26 de Novembro.

Buttigieg e Warren são apontados pelos media norte-americanos como dois nomes que podem integrar cargos importantes na Presidência de Biden, sendo apontados, respectivamente, para embaixador dos EUA nas Nações Unidas e para a Secretaria do Tesouro.

Também o ex-candidato à nomeação democrata Bernie Sanders é referido como uma possível escolha para a Secretaria do Trabalho, tendo o próprio Sanders, representante da ala mais progressista do Partido Democrata, admitido esta quarta-feira em entrevista à CNN que aceitaria o cargo. Os nomes mais progressistas do partido, no entanto, podem enfrentar um bloqueio num Senado de maioria republicana.

Entradas e saídas

Enquanto Joe Biden continua a preparar a sua Administração, Donald Trump continua sem reconhecer a derrota e a atrasar ao máximo o processo de transição de poder.

Os últimos dias na Casa Branca têm sido marcados por entradas e saídas, particularmente na Secretaria da Defesa. Na terça-feira, Trump despediu Mark Esper, substituindo-o por Christopher C. Miller, director do Centro Nacional de Contraterrorismo.

Desde então, foram afastadas vários funcionários da Secretaria da Defesa, entre eles o subsecretário de Defesa, James Anderson, o subsecretário dos Serviços Secretos, Joseph Kernan, e a chefe de gabinete de Mark Esper, Jennifer Stewart.

Para o Departamento de Defesa entram agora figuras próximas do Presidente, incluindo o general Anthony Tata, antigo colaborador da Fox News conhecido pelas suas posições extremistas, e Jash Patel, ex-assessor do congressista republicano Devin Nunes, um dos principais defensores de Donald Trump.

Bloqueio

Estas movimentações coincidem com um bloqueio por parte do Departamento de Estado, que está a recusar entregar mensagens oficiais de chefes de Estado ou de governo de vários países que pretendem contactar Joe Biden, noticiou esta quarta-feira a CNN.

Tradicionalmente, cabe ao Departamento de Estado organizar o contacto entre os presidentes ou governos com o Presidente eleito. Contudo, a recusa de Donald Trump em reconhecer a derrota e iniciar o processo de transição passa, por exemplo, pelo não desbloqueio de fundos federais para a equipa do Presidente eleito pagar salários ou impedir o acesso a informação confidencial e a infra-estruturas nas várias agências federais.

Apesar disso, Joe Biden já falou ao telefone com vários líderes mundiais, incluindo a chanceler alemã, Angela Merkel, o Presidente sul-coreano, Moon Jae-in, e os chefes de governo do Canadá, Justin Trudeau, do Japão, Yoshihide Suga, e da Austrália, Scott Morrison.

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