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A homofobia continua a crescer na Hungria — mas este casal transgénero decidiu casar-se

O dia do casamento. BERNADETT SZABO/REUTERS
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O dia do casamento. BERNADETT SZABO/REUTERS

O casamento do casal transgénero húngaro Tamara Csillag e Elvira Angya parecia outro qualquer: o par nervoso a arranjar-se, a saída para o tribunal onde o casamento ia acontecer. Mas no mundo do nacionalista primeiro-ministro da Hungria, Viktor Orbán, isto é especial — uma vez que Orbán tem vindo a ser cada vez mais hostil para com pessoas LGBT+ e proscreveu o reconhecimento legal da identidade transgénero. 

Ironicamente, foi isso mesmo que tornou o casamento possível, uma vez que Csillag ficou a meio do processo, ainda com documentos que lhe atribuem o sexo masculino; Angyal já tinha completado a sua transição e os seus documentos provavam-no. "O nosso sonho tornou-se realidade. Estamos tão felizes por receber um selo oficial no nosso relacionamento", disse Angyal depois da cerimónia, fotografada pela Reuters — que já tinha acompanhado o casal em Junho —, a dar a mão à nova esposa. "Amo-te", disse, enquanto a beijava. "Também te amo." A jornada de ambas esteve longe de ser tranquila. Tinham famílias, enquanto homens, antes de se assumirem como mulheres. Dos sete filhos de ambas, apenas um, Patrik, filho de Angyal, esteve presente. "Uma das maiores alegrias da vida é ver os nossos pais felizes", disse Patrik.

Grupos de direitos humanos afirmam que Orbán e o seus aliados políticos, o pequeno partido cristão KDNP, tornaram a comunidade gay num alvo desde que ganhou o terceiro mandato em 2018. "Durante uma década o governo travou uma sistemática campanha contra pessoas LGBTQ", referiu Luca Dudits, do grupo Hatter. "Isto contradiz as normas europeias e os direitos humanos."

O casamento aconteceu um dia depois de o vice primeiro-ministro húngaro, Zsolt Semjen, ter feito ataques homofóbicos e de ter proposto a inclusão da proibição de "propaganda de género" na Constituição do país. "Eles não deveriam ser chamados família, porque não é uma noção sagrada", referiu. "Eles não deviam adoptar crianças, porque o direito das crianças ao desenvolvimento saudável é mais forte do que a vontade de casais homossexuais terem filhos." Csillag garante ser confiante o suficiente para não ficar afectada com tais afirmações. "O que prejudica as crianças é o que o governo faz", atirou. "A próxima geração poderá crescer como haters. Eles vão-nos odiar e nem vão saber porquê."

O casal em Junho.
O casal em Junho. BERNADETT SZABO/REUTERS
O casal em Junho.
O casal em Junho. BERNADETT SZABO/REUTERS
O casal em Junho.
O casal em Junho. BERNADETT SZABO/REUTERS
O casal em Junho.
O casal em Junho. BERNADETT SZABO/REUTERS
O casal em Junho.
O casal em Junho. BERNADETT SZABO/REUTERS
BERNADETT SZABO/REUTERS
BERNADETT SZABO/REUTERS
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