Ataque em Viena: pelo menos quatro mortos e 17 feridos em ataque “com motivação islamista”

Um dos feridos é um luso-luxemburguês. O principal suspeito - possivel simpatizante do grupo islamista Daesh - foi abatido pela polícia. Não se sabe se agiu sozinho. O chanceler austríaco disse que o ataque “terrorista” foi planeado de forma “muito profissional”

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Pelo menos quatro pessoas morreram e 17 ficaram feridas - uma delas um luso-descendente - na sequência de um ataque no centro de Viena, na noite de segunda-feira, de acordo com o último balanço. A polícia abateu um dos atacantes na sequência do que foi considerado um ataque “com motivação islamista”, inicialmente reportado perto da principal sinagoga da cidade, na zona de Seitenstettengasse.

Os quatro mortos são dois homens e duas mulheres: um casal de idosos, um transeunte e uma empregada de mesa. O número de feridos aumentou face ao último balanço: são agora 17 de acordo com as autoridades de saúde, incluindo sete com gravidade. “Sete pessoas estão gravemente feridas e estamos a lidar com ferimentos de bala e de faca”, disse Michael Binder, director da associação de saúde de Viena, durante um programa de rádio.

“Os feridos estão em estado de choque”, acrescentou uma porta-voz da associação de saúde, que acrescentou que um polícia de 28 anos está em estado crítico, mas estável, escreve o Guardian

Um dos feridos é luso-luxemburguês​, confirmou à agência Lusa fonte do gabinete da secretária de Estado das Comunidades Portuguesas. O Presidente da República portuguesa, Marcelo Rebelo de Sousa, já tinha identificado o ferido como luxemburguês na mensagem de solidariedade que enviou ao seu homólogo austríaco. "Foi com choque e tristeza que tomei conhecimento do ataque que ontem [segunda-feira] teve lugar no centro de Viena e que provocou a morte de quatro pessoas e diversos feridos, entre estes últimos um jovem português”, lê-se na mensagem.

Só na manhã desta segunda-feira foram divulgadas informações sobre o principal suspeito. De acordo com o chanceler austríaco, Sebastian Kurz, que discursava à Nação, o suspeito abatido pela polícia era um homem de 20 anos, com dupla nacionalidade, da Áustria e da Macedónia do Norte, e antecedentes criminais por actividades relacionadas com terrorismo. Sabe-se, também, que estava armado com uma espingarda, uma faca de mato e várias pistolas. Tal como já tinha avançado a polícia local, o homem aparentava “usar um colete de explosivos” que se revelou ser falso. 

O chanceler disse ainda que este foi um “ataque terrorista brutal” à “sociedade livre” austríaca. “Mas iremos defender os nossos valores”, sublinha. “O inimigo, o terror islamista, quer dividir a nossa sociedade. Mas não iremos dar espaço ao ódio. Os nossos inimigos não são os membros de uma comunidade religiosa, são estes terroristas. Isto não é uma luta entre cristãos e muçulmanos ou austríacos e migrantes, é uma luta entre a civilização e a barbárie.”​

Pelo menos 15 rusgas foram levadas a cabo em várias casas em redor de Viena, e foram detidas várias pessoas. O apartamento onde vivia o suspeito também foi aberto e revistado durante a noite. 

Quase quinze horas depois do ataque, ainda não se sabe se o suspeito, que a polícia acredita ser um simpatizante do Daesh (que se autodenominava Estado Islâmico), agiu sozinho ou não, nem quantas outras pessoas poderão ter estado envolvidas no ataque. “Neste momento, achamos que há mais [pessoas envolvidas], mas estamos a investigar”, disse o chefe da polícia local, Gerhard Pürstl, citado pelo Guardian. “É difícil ter a certeza agora se foi um ou vários atacantes. Muitas testemunhas estão feridas, traumatizadas e temos de analisar os dados.”

As autoridades estão neste momento a rever milhares de fotografias e vídeos do que aconteceu. A polícia pediu aos cidadãos para não publicarem conteúdos nas redes sociais relacionados com a operação.

A polícia de Viena adiantou através do Twitter que foram registados seis locais de tiroteio diferentes na cidade. ​Apesar de ter começado numa sinagoga, as autoridades evitam referir-se a um ataque anti-semita (a sinagoga já estava fechada quando os ataques começaram), mas a organização que representa a comunidade judaica local optou por encerrar todos os locais de culto e restaurantes e supermercados kosher, de forma preventiva. 

As autoridades acreditam que o atacante era “uma pessoa radicalizada”. O ministro do Interior, Karl Nehammer, descreveu o atacante como um “terrorista islamista”. Sebastian Kurz já tinha, anteriormente, descrito o tiroteio como um “ataque terrorista”, planeado de forma “muito profissional”.

Pelas 1h, as autoridades alertavam para o facto de outro possível suspeito continuar a monte e pediu à população que se mantivesse em casa até ter instruções para sair. Na última actualização oficial, pelas 6h30, a polícia já não se referia a um segundo atacante, mas o conselho mantém-se: os residentes devem evitar sair de casa. 

A polícia anunciou numa conferência de imprensa que na terça-feira, dia 3, as crianças não serão obrigadas a ir à escola e apelou a que os cidadãos se mantivessem afastados do centro de Viena.

O terrorismo é o “inimigo comum” da Europa, dizem líderes

Vários líderes europeus já se pronunciaram sobre o ataque, expressando solidariedade com os austríacos e condenando a violência e o terror. Em Portugal, o ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, realçou que “a liberdade religiosa é um valor fundamental” e afirmou que “Portugal condena veementemente o atentado cometido em Viena junto de uma sinagoga”, numa mensagem divulgada na rede social Twitter.

A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, disse estar “chocada e triste” com a situação e lembrou que “a Europa está ao lado da Áustria, em total solidariedade.”

Emmanuel Macron, Presidente da França tomou uma postura mais forte ao afirmar que “esta é a nossa Europa” e que "os nossos inimigos têm de saber com quem estão a lidar"

A mensagem da chanceler alemã, Angela Merkel, vai na mesma linha: afirma que “o terrorismo islâmico” é um “inimigo comum”. “A luta contra estes assassinos e instigadores é a nossa luta comum”, disse Merkel, de acordo com uma mensagem divulgada pela porta-voz da chanceler no Twitter.

“Os meus pensamentos estão, neste momento terrível em que Viena é alvo da violência terrorista, com pessoas e as forças de segurança que enfrentam este perigo”, acrescentou a chanceler, na mensagem. com Reuters e Lusa

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