Oeiras dá por (quase) terminado o Parque dos Poetas e ambiciona corredor verde
Idealizado há 20 anos, o maior parque urbano do concelho precisa agora é de gente, diz Isaltino Morais. A ligação à antiga Estação Agronómica é ambição para os próximos anos.
O xilofonista toca Mozart para a comitiva que se procura abrigar do sol forte do meio da manhã. Dezassete anos depois de aberta ao público, a primeira fase do Parque dos Poetas tem finalmente árvores crescidas que proporcionam sombra aos visitantes, que esta sexta eram sobretudo autarcas, técnicos municipais, jornalistas e curiosos. Festa gorda para um acontecimento de relevo: com a inauguração de duas pontes pedonais que unem as três fases da obra, a Câmara de Oeiras dá por (quase) concluído o Parque dos Poetas.
Com estas novas estruturas, passa a ser possível percorrer os 23 hectares daquele espaço verde sem ter de atravessar ruas com trânsito automóvel e fica completa a ligação pedonal entre o centro comercial Oeiras Parque e o bairro do Espargal, em Paço de Arcos.
O parque, construído em três fases ao longo de 15 anos, tem esculturas representativas de 60 poetas e um edifício chamado Templo da Poesia a que a autarquia tem tido alguma dificuldade em dar uso. Recentemente abriu um parque de estacionamento subterrâneo, um quiosque de comes e bebes e, para que o espaço fique mesmo concluído, “falta fazer o Oeiras Garden”, disse Isaltino Morais, explicando que será um local com restaurantes panorâmicos, estufa e áreas expositivas. O autarca vai ainda mandar construir um obelisco para “homenagear todos os que contribuíram para a criação do parque”.
Ladeado pelos presidentes das juntas do concelho, o presidente da câmara descerrou uma placa para cada ponte e disse que o parque tem uma importância que vai além do município. “Este é um parque de Portugal”, declarou, acrescentando que “está aqui muito da alma portuguesa”. Os poetas homenageados nos recantos em forma de folha são todos portugueses ou lusófonos e as suas esculturas foram feitas também por artistas portugueses e dos PALOP. “Não há maior homenagem à língua portuguesa e à poesia do que a que é feita aqui”, disse Isaltino.
Idealizado pelo escultor Francisco Simões e concebido pelos arquitectos Francisco Caldeira Cabral e Elsa Severino, o parque continua a ter alguma dificuldade em afirmar-se aos olhos dos oeirenses como espaço de lazer, talvez porque até há pouco tempo eram poucas as sombras e raros os bancos. Isaltino reconhece que “hoje ainda há muitos cidadãos de Oeiras que nunca vieram”, apesar de se notar “uma afluência mais significativa” nos últimos tempos.
Por isso é necessário, defende, um programa cultural e artístico que ponha o Parque dos Poetas na rota da área metropolitana e que torne mais visível um projecto que já custou perto de 40 milhões de euros. “Passada esta pandemia, o Parque dos Poetas vai ter uma animação extraordinária.”
Mas a ambição de Isaltino espraia-se para lá da poesia. Com a recepção dos terrenos estatais da antiga Estação Agronómica Nacional, não muito longe do centro histórico de Oeiras, a autarquia está a planear um corredor para interligar diferentes espaços verdes do concelho e que, nas palavras do autarca, terá “mais de 200 hectares”, fazendo dele “talvez um dos maiores parques urbanos da Europa”.
As obras na Estação Agronómica, que começaram no fim do ano passado pela reabilitação da Casa da Pesca, um conjunto arquitectónico do século XVIII, só em meados de 2021 deverão estar prontas. O acordo com o Estado prevê a sua cedência à câmara por um período de 44 anos.
Notícia corrigida a 1 de Novembro: O Parque dos Poetas, ao contrário do anteriormente escrito, não é o maior espaço verde de Oeiras, mas o maior parque urbano do concelho