V. Guimarães punido com três jogos à porta fechada pelo “caso Marega”
A decisão surge oito meses depois do sucedido no Estádio D. Afonso Henriques.
O Vitória de Guimarães foi nesta quinta-feira punido com três jogos à porta fechada, com início do cumprimento da sanção após regresso do público aos espectáculos desportivos, pelos insultos racistas dirigidos ao futebolista maliano do FC Porto Marega, em Fevereiro, pela Autoridade para a Prevenção e Combate à Violência no Desporto (APCVD).
A APCVD confirmou já ter sido “proferida e notificada ao arguido a decisão final” do processo decorrente do jogo entre vitorianos e portistas, em 16 de Fevereiro último, a contar para a edição de 2019/20 da I Liga.
O Vitória de Guimarães, entretanto, anunciou que vai recorrer do castigo de três jogos à porta fechada, criticando a forma como a APCVD conduziu o processo.
“Não podendo deixar de registar que esta decisão tenha sido publicamente pré-anunciada pelo Presidente da APCVD, Rodrigo Cavaleiro, ao arrepio de todas as formalidades processuais, o Vitória Sport Clube informa que vai apresentar o competente recurso”, lê-se na nota publicada pelos vimaranenses.
Esse pré-anúncio da decisão refere-se às declarações proferidas por Rodrigo Cavaleiro à Lusa, em 5 de Outubro, nas quais sugeriu “a possibilidade de jogos à porta fechada, também consoante as diversas infracções” e “algo na ordem dos milhares de euros” de coima - o valor aplicado ao emblema de Guimarães é de 55 mil euros.
O caso relativo a estas sanções ocorreu há oito meses, no Estádio D. Afonso Henriques, em Guimarães, durante o jogo de futebol entre o Vitória de Guimarães e o FC Porto, que os “dragões” venceram por 2-1.
Por volta dos 70 minutos, pouco depois de ter marcado o golo da vitória “azul e branca”, Marega, que já alinhou nos vimaranenses, pediu para ser substituído e acabou mesmo por abandonar o relvado, agastado com cânticos de natureza racista que lhe estavam a ser dirigidos por adeptos do Vitória, com sons a imitar macacos.
O caso também originou uma investigação da Polícia de Segurança Pública (PSP) às câmaras da videovigilância do estádio vimaranense, com a colaboração do Vitória, de forma a serem identificados os eventuais autores dos insultos racistas e um processo-crime do Ministério Público (MP) “por actos de discriminação racial”.
Três adeptos do emblema vimaranense estão a ser julgados no Tribunal de Guimarães, pelo crime de discriminação e incitamento ao ódio e à violência, punido com pena de prisão de seis meses a cinco anos, desde 25 de Setembro.