Desmantelada rede de cibercrime mundial que terá “lavado” milhões em Portugal

A Polícia Judiciária e as autoridades norte-americanas lideraram uma operação internacional, coordenada pela Europol, que deteve 20 pessoas em vários países. Ao todo terão sido branqueados mais de 10 milhões de euros.

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LUSA/MÃRIO CRUZ

A Polícia Judiciária (PJ) e as autoridades norte-americanas lideraram uma operação internacional que permitiu desmantelar uma rede mundial dedicada ao cibercrime, que terá “lavado” em Portugal milhões de euros provenientes de burlas informáticas e acessos ilegítimos cometidas por todo o mundo, em especial na Europa e nos Estados Unidos.

Na designada por Operação 2BaGoldMule, coordenada pela Europol e que contou com a colaboração de mais 14 países (Áustria, Itália, República Checa, Bulgária, Polónia, Geórgia, Espanha, Suíça, Suécia, Letónia, Reino Unido, Bélgica, Alemanha e Austrália) foram detidas um total de 20 pessoas, todas de nacionalidade estrangeira, anunciou esta quinta-feira a PJ em comunicado.

A Unidade Nacional de Combate ao Cibercrime e à Criminalidade Tecnológica (UNC3T) da PJ foi responsável pela detenção de cinco indivíduos na Letónia e outro na Polónia, onde os investigadores se deslocaram para, com o apoio das autoridades locais, darem cumprimento a mandados de detenção europeus.

O suspeito detido na Polónia, acredita a PJ, pertenceria à cúpula desta organização criminosa. Os letões detidos seriam as chamadas “mulas”, que usariam identidades falsas para abrir contas em Portugal, para onde o dinheiro dos crimes informáticos seria canalizado. Uma parte das verbas eram levantadas ao balcão dos bancos e outra transferida para outras contas, tentando dificultar o rasto do dinheiro. Ao todo, esta organização, composta por algumas dezenas de indivíduos, terá sido responsável pelo branqueamento de mais de dez milhões de euros.

A operação da PJ, ocorreu entre Outubro e Novembro do ano passado, mas não foi divulgada então, explicou uma fonte daquela polícia, porque ainda havia diligências a decorrer noutros países. Cerca de um mês após as detenções na Letónia e Polónia, os suspeitos foram extraditados para Portugal, estando a aguardar o desfecho da investigação em prisão preventiva. O inquérito, que corre no Departamento de Investigação e Acção Penal de Lisboa, está perto do fim, estando para breve a acusação do caso.

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