A passerelle do Portugal Fashion está de volta e, este ano, estende-se na rua

O desfile de moda bianual regressa à Alfândega do Porto em novos moldes para celebrar 25 anos. A 47.ª edição irá adoptar um formato híbrido, com apresentações presenciais e digitais. Limitada a 200 pessoas, conta com novas colaborações.

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Anna Costa / PUBLICO

Desta quinta-feira a sábado a passadeira volta a estender-se na Alfândega do Porto. Desta vez no exterior e com distanciamento social. Depois da suspensão dos desfiles de Março, devido à covid-19, o Portugal Fashion (PF) regressa com algumas limitações, nomeadamente de lotação, à semelhança dos desfiles nas semanas da moda internacionais. O evento, organizado pela ANJE - Associação Nacional de Jovens Empresários, reinventa-se para celebrar os seus 25 anos com uma estratégia dual: desfiles presenciais, transmitidos online, e vídeos pré-gravados. Entre os designers presentes estão nomes como Alexandra Moura, Alves/Gonçalves, David Catalán, Luís Onofre, Marques’Almeida, Miguel Vieira e Katty Xiomara. O programa também passará pelo Neya Porto Hotel.

“Tem sido uma preparação de edição com mixed feelings, mas talvez sejam esse desafio e essa adrenalina que dão aquele boost extra para querer fazer, e fazer o melhor”, declara Mónica Neto, directora do PF, ao PÚBLICO. “Queríamos ter casa cheia para celebrar connosco 25 anos de um evento de moda que é nacional e internacional, tal não é possível, mas celebraremos com as pessoas que estiverem fisicamente connosco, assim como com aquelas que seguirem tudo digitalmente”, prossegue.

Numa edição normal, a Alfândega do Porto receberia, nos três dias, cerca de 40 mil pessoas. Este ano, entre “jornalistas, buyersstylists e alguns convidados institucionais”, não receberá mais de “200 pessoas”. Com “bastante menos” convites, foi feita uma “selecção rigorosa de pessoas e meios de comunicação” para cumprir com a redução de lotação. “São tempos diferentes e julgo que as pessoas entendem as medidas necessárias a tomar, mesmo gostando sempre de marcar presença no Portugal Fashion", sublinha.

Distribuído por “espaços diferentes” e “dando primazia sempre ao exterior": é assim o novo Portugal Fashion. Nesta edição, a zona de montras e exposições “Brandup” não existe — “não fazia sentido, à semelhança do que já tinha sido pensado em Março”, explica. Os desfiles acontecem no exterior, mas Mónica Neto garante que, caso as condições meteorológicas não o permitam, “há alternativa numa sala interior”. Ambas as opções “foram revistas pelo nosso consultor, Dr. Ricardo Mexia, médico de Saúde Pública, e validadas pela Direcção-Geral da Saúde”, assegura.

Embora com restrições, o desfile segue em frente aliado a novas apostas e parcerias. É uma questão de “defesa dos interesses de designers e marcas, numa altura em que “o talento criativo está especialmente vulnerável”, lê-se em comunicado. A restruturação do evento passa por “novos modelos de organização dos desfiles, novas formas de comunicação das criações e novos modos de interacção com o público”. Será tirado proveito do digital com a transmissão de vídeos, live streams e performances​. Para tal, foi criada “uma produção quase televisiva para os três dias", a Portugal Fashion TV Digital, que garante a transmissão contínua dos desfiles em directo, informa Mónica Neto. A plataforma online oferece, ainda, uma programação de moda diversificada com entrevistas e reportagens.

Além disso, o evento estabeleceu três colaborações estratégicas: um protocolo com a Câmara Municipal do Porto, que define o apoio institucional da autarquia ao evento; acordos com as plataformas de e-commerce Dott Springkode, para dinamizar o comércio online de criações de marcas e designers portugueses; e uma parceria com a empresa de cosmética Lupabiológica para promover o desenvolvimento da fileira industrial associada à moda. O primeiro projecto resultante da colaboração com a plataforma de moda sustentável, Springkode, foi a cápsula “Visão”: uma colecção 100% europeia, rastreável e transparente, desenhada por Katty Xiomara com algodão cultivado na Grécia.

A edição deste ano conta com a estreia da marca portuguesa masculina Ernest W. Baker, dos designers Reid Baker e Inês Amorim, que tem ganhado reconhecimento a nível internacional. A linha de roupa é uma homenagem ao avô de Reid, um dos primeiros publicitários de Detroit, que combina, e contrasta, o “pragmatismo” do estilo de vida norte-americano com “a elegância e o classicismo" europeus, descreve o comunicado de imprensa. 

Texto editado por Bárbara Wong

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