Fugas
O abraço de um tigre a uma “floresta mágica”: as melhores fotografias de vida selvagem do ano
A "imagem etérea" de uma fêmea de tigre-siberiano abraçada a um abeto-da-Manchúria valeu a Sergey Gorshkov o grande prémio do Wildlife Photographer of the Year, o maior concurso de fotografia da vida selvagemdo mundo, organizado pelo Museu de História Natural de Londres.
O fotógrafo russo precisou de mais de 11 meses para conseguir captar a fotografia vencedora, intitulada "The Embrace", através de câmaras com sensores de movimento. O "momento íntimo" captado pela lente de Gorshkov revela uma fêmea de tigre-siberiano, ou tigre-de-Amur, abraçada a um abeto-da-Manchúria para deixar o seu cheiro, no Parque Nacional Terra do Leopardo, no Extremo Oriente Russo.
"É uma imagem como nenhuma outra, um vislumbre único de um momento íntimo nas profundezas de uma floresta mágica", descreve Roz Kidman Cox, presidente do júri, em comunicado. Mas também "uma história contada em cores e texturas gloriosas do tigre-de-Amur, um símbolo do território selvagem russo", aponta.
Outrora, esta subespécie do grande felino podia encontrar-se desde o Norte da Euroásia à Turquia, mas a caça-furtiva reduziu-a a pouco mais de 20 ou 30 animais em estado selvagem. Acualmente, "graças a um esforço concentrado de conservação", o número deverá rondar os 550, mas a distribuição do trige-da-Sibéria resume-se agora ao Extremo Oriente Russo, Nordeste da China e, potencialmente, Coreia do Norte, continuando ameaçada "pela caça-furtiva e pela extracção de madeira", indica Tim Littlewood, director-executivo do departamento de ciência do museu e membro do júri.
"Por meio do poder emocional único de uma fotografia somos lembrados da beleza do mundo natural e da nossa responsabilidade compartilhada de protegê-lo."
A competição atraiu mais de 49 mil inscrições de fotógrafos profissionais e amadores provenientes de 86 países. Os vencedores foram anunciados esta terça-feira, numa cerimónia transmitida online a partir do Museu de História Natural de Londres, dadas as restrições impostas pela pandemia.
A imagem de uma raposa a proteger a presa capturada dos cinco irmãos valeu à finlandesa Liina Heikkinen o prémio de Jovem Fotógrafa de Vida Selvagem do Ano. "Uma sensação de drama furtivo e urgência frenética anima esta imagem, atraindo-nos para o cenário", aponta Shekar Dattatri, cineasta de vida selvagem e membro do júri, em comunicado. "Um grande momento de história natural captado na perfeição."
Entre as imagens galardoadas, encontra-se também o retrato impactante de um macaco-narigudo, um mergulhão-de-crista a dar de comer à cria, a dança de duas vespas, o retrato de uma família de gatos-de-pallas, a vida secreta das formigas e os animais do prado de Alberto Fantoni. Mas entre as fotografias vencedoras revela-se ainda um lado negro da interacção entre humanos e vida selvagem: a utilização de animais nos circos, a exploração de animais em actividades turísticas e os mercados de animais selvagens.
Os vencedores foram escolhidos a partir de uma pré-selecção de 99 imagens, reveladas no início de Setembro e entre as quais consta uma fotografia do português José Fragozo, que captou o momento em que um hipopótamo emerge de uma piscina de lama para respirar.
As imagens vencedoras vão ser exibidas no Museu de História Natural de Londres a partir de 16 de Outubro (e até 6 de Junho de 2021), antes de a exposição se tornar itinerante. As inscrições para o concurso do próximo ano já têm datas: arrancam a 19 de Outubro e terminam a 10 de Dezembro. A próxima edição contará com novas categorias, para chamar a atenção para o impacto dos seres humanos no planeta.
Em 2019, o Wildlife Photographer of the Year já nos tinha dado momentos únicos, como a batalha de dois ratinhos no Metro de Londres ou a foto vencedora da competição, o encontro dramático entre uma marmota e uma raposa.