Bonfim e Alvalade entre os 20 “bairros mais cool do mundo”, diz Time Out

Depois de Arroios ter subido ao topo planetário no ano passado, o mundo deu voltas e os bairros ganharam uma inesperada importância e atenção. Em tempo de covid, destacam-se nas escolhas Time Out os “lugares que representam a alma” das cidades. Este ano, os bairros mais cool são também os mais generosos.

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O Parque de Nova Sintra é um dos locais destacados no Bonfim Nelson Garrido
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Para a Time Out, o 14.º bairro "mais cool do mundo" fica no Porto DIOGO BAPTISTA
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Alvalade, em Lisboa, ficou em 17.º Rui Gaudêncio
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Alvalade, em Lisboa, ficou em 17.º Rui Gaudencio

No topo da lista dos 40 bairros mais cool do mundo, eleitos com base num inquérito às populações, especialistas e editores locais da publicação internacional, ficou o Esquerra de l’Eixample, em Barcelona, Espanha, palco de diversas iniciativas e “demonstrações de humanidade” durante meses de pandemia e de confinamento partilhado “por um autêntico bairro de Barcelona”.

Se habitualmente as atenções recaem sobre a Dreta de l'Eixample, “com as suas lojas de luxo deslumbrantes e edifícios modernistas espectaculares”, com a covid-19 o foco concentrou-se na zona residencial da Esquerra de l'Eixample: blocos de prédios modestos de “arquitectura característica”, cada um com “o seu pátio interior”, onde o confinamento restrito foi vencido com danças à varanda e residentes mascarados. A Time Out destaca ainda a rede local de apoio criada para ajudar os mais vulneráveis e o projecto de solidariedade de Ana Parellada, que “começou a cozinhar para os trabalhadores da área da saúde” no seu restaurante Semproniana.

Espaços comunitários, jardins urbanos, mercados e parques são outros dos lugares do bairro que “dificilmente se encontram em muitos guias turísticos”. “No ano de todos os anos, é o Esquerra de l'Eixample que mostra o caminho a uma futura Barcelona onde onde os locais, não os turistas, dominam [a cidade].”

No top 5, ficaram ainda a Baixa de Los Angeles, Sham Shui Po, em Hong Kong, Bedford-Stuyvesant, em Nova Iorque, e Yarraville, em Melbourne.

Na primeira metade da tabela, depois de Arroios ter sido eleito o bairro mais cool do mundo em 2019, um bairro descrito como “um mundo em si mesmo”, onde “o novo coexiste com o clássico e a diversidade está por todo o lado”, ficaram duas moradas portuguesas que ainda mantêm intacta “uma identidade genuína” e uma população de raízes eminentemente locais e bairristas: Bonfim, no Porto, em 14.º, e Alvalade, em Lisboa, na 17.ª posição.

No Bonfim, que já merecia destaque no início do ano no Guardian, ainda a pandemia parecia um problema distante, refere-se o “forte espírito de comunidade e o comércio local”, “agora mais importante do que nunca”, com os seus pequenos cafés, lojas e “alguns dos restaurantes mais tradicionais da cidade” a par com “cozinhas de vanguarda”, como o Euskalduna Studio ou o Pedro Limão. Num bairro “cada vez mais pedonal”, aponta-se a presença da Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto, várias galerias de arte e os estúdios e salas de ensaio do antigo centro comercial CC Stop.

Já em Alvalade, sente-se ainda “o pulsar da vida de bairro”, entre “rostos familiares, eventos e espaços comunitários”, como a simpatia d'A Mariazinha, há mais de 60 anos a vender chás e cafés a granel, o Mercado de Alvalade ou as novas ondas do The Wave Factory, restaurante, bar e espaço de co-work. Vera Moura, jornalista da edição lisboeta da Time Out, destaca também os espaços onde ainda se ouvem os ecos da cena rock dos anos 1980, como o Popular Alvalade, o RCA ou o Noir Clubbing.

A selecção dos bairros mais cool do ano foi feita com base nos resultados do inquérito anual Time Out Index e na opinião de especialistas e dos editores das diferentes publicações da revista em todo o globo. Mantém como critério a mistura de pessoas, inovadores e inclusivos espaços de comida, bebida, artes e cultura, rendas acessíveis e “aquela agitação difícil de definir que atrai pessoas de todo o mundo”. Mas este ano, “mais do que nunca”, “é cool ser generoso”.

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