Portugal é o país em destaque no Mercado Internacional do Cinema Clássico em Lyon
Fado, História d’uma Cantadeira, de Perdigão Queiroga, Mudar de Vida, de Paulo Rocha, e O Movimento das Coisas, de Manuela Serra, são três filmes portugueses a exibir no Festival Lumière, que vai vai decorrer a partir de 10 de Outubro.
Portugal será o país convidado do Mercado Internacional do Cinema Clássico, um evento que decorrerá este mês em paralelo ao Festival Lumière, em Lyon, França, e que contará com dois filmes portugueses restaurados.
Na página oficial, a organização elogia a riqueza de um “património cinematográfico extremamente variado”, onde convivem “o documentário, o cinema mudo, político, social e os géneros populares”.
A oitava edição do Mercado Internacional do Cinema Clássico está marcada de 13 a 16 de Outubro, estando previsto um programa de encontros, debates e projecção de dois filmes portugueses: Fado, História d'uma Cantadeira (1947), de Perdigão Queiroga, e Mudar de Vida (1966), de Paulo Rocha.
Nos debates estarão presentes o director da Cinemateca Portuguesa, José Manuel Costa, o produtor e exibidor Pedro Borges, da Midas Filmes, o director da RTP Memória, Gonçalo Madaíl, e uma das responsáveis da plataforma Filmin Portugal, Anette Dujisin.
Segundo o Instituto do Cinema e do Audiovisual, este é “o primeiro e único mercado de filmes clássicos no mundo”.
O Festival Lumière, que começa no dia 10, é dedicado ao património cinematográfico, honrando a ligação do evento aos irmãos Lumière, pioneiros na história do cinema. Na programação deste festival será exibido o filme O Movimento das Coisas, de 1985, primeiro e único filme da realizadora portuguesa Manuela Serra. O filme foi digitalizado e restaurado, e regista o quotidiano da comunidade rural de Lanheses, no concelho de Viana do Castelo. A produção demorou vários anos e teve uma estreia premiada no Festival de Mannheim, na Alemanha, na década de 1980, e depois em Portugal, no Festróia, mas a obra nunca chegou ao circuito comercial português.
Manuela Serra nasceu em Lisboa, em 1948, estudou cinema em Bruxelas, mas rumou a Portugal logo depois da Revolução de Abril de 1974. Foi assistente de realização e montadora do filme Deus, Pátria, Autoridade, de Rui Simões, e uma das co-fundadoras da cooperativa VirVer. A autora abandonou o cinema nos anos de 1990.