Exposição

Os estaleiros de Viana que Egídio Santos fotografou estão agora a bordo do Gil Eannes

Congelados pela câmara de Egídio Santos, os trabalhadores do Estaleiro Naval de Viana do Castelo são os protagonistas desta exposição que inaugurou o Centro de Memória, Identidade e Imagem, em Viana do Castelo. 

Egídio Santos
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Egídio Santos

A bordo do navio Gil Eannes encontra-se agora o Centro de Memória, Identidade e Imagem da Câmara Municipal de Viana do Castelo. A exposição escolhida para a inauguração do centro embarcou no navio-hospital e, sem abandonar o cais, exibe o espólio fotográfico de Egídio Santos como mercadoria. As imagens remetem para o trabalho que o fotojornalista desenvolveu nos Estaleiros Navais de Viana do Castelo (ENVN) em inícios dos anos 90. 

Com a sua câmara, Egídio Santos espelhou o dia-a-dia dos trabalhadores. Descobriu este local quando, para o jornal Independente, foi fazer uma reportagem sobre “as gentes e a terra de Viana”, como explica ao P3. Na altura, o jornal português não chegou a publicar as fotografias. Então, apaixonado pelo estaleiro, regressou ao local em 1992 pelo “mero prazer de fotografar”.

“O ambiente, as gruas, os trabalhadores a soldar, toda a dinâmica do estaleiro é apaixonante para qualquer pessoa que goste de fotografia”, explica. Recolhidas as fotografias, decidiu guardá-las e não publicar o que lá capturou. Só mais tarde, em 2013, durante o Governo de Passos Coelho, partilhou algumas delas. Nesse ano, marcado pelas manifestações de trabalhadores dos ENVC, a decisão foi tomada e os estaleiros foram fechados e privatizados — deram lugar à West Sea - Estaleiros Navais do grupo Martifer.

O retrato dos dois trabalhadores a olhar directamente para a câmara foi o escolhido pelo movimento de defesa dos trabalhadores como representação da luta. Egídio destaca, também, esta imagem do conjunto fotográfico. Pelo “simbolismo que teve na luta destes trabalhadores”.

A exposição, que é de entrada livre, vai permanecer no Gil Eannes até final de Outubro. Inaugurado a 19 de Setembro, o Centro de Memória, Identidade e Imagem nasceu para divulgar o património visual do município. 

Texto editado por Amanda Ribeiro

Egídio Santos
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