Arquitectura
Esta casa é um trevo de betão numa floresta de pinheiros
Não há grandes muros ou cercas a escondê-la, não há vistas sobre o mar, nem a linha do horizonte. Há, no entanto, contacto privilegiado com o céu: o telhado, a nove metros do chão, convida à introspecção — com direito a mergulhos na piscina.
Desenhada por Olivier Ottevaere e Elsa Caetano, arquitectos do estúdio Double (O), a Casa Trevo, na Aroeira, no concelho de Almada, organiza-se à volta de três pátios circulares semi-abertos — responsáveis pelas várias entradas de luz. A estrutura de betão dá privacidade, revelando muito pouco do seu exterior, ao mesmo tempo que garante uma sólida imagem, causada pela elevação do edifício em direcção ao céu.
A geometria assume um papel "dinâmico, mas não gráfico", explicam os arquitectos em comunicado enviado ao P3. "Exala um particular sentido de autonomia e monumentalidade, apesar de ser pequena. É unificada por cimento no exterior, subvertendo a percepção da sua escala, ao mesmo tempo que serve de tela para um diálogo entre a natureza e a arquitectura", escrevem os arquitectos num comunicado enviado ao P3.
Vista de cima, é como um trevo — elemento que determinou o baptismo. Produz "o seu próprio mundo introvertido que encara o sol", com espaços "privados, ainda que mutáveis". Sempre iluminados pelo sol de Lisboa — e com cheiro ao mar, que se esconde atrás dos pinheiros.