A costa Oeste dos EUA arde e a desinformação segue as chamas

Os estados da Califórnia, Oregon e Washington estão a ser massacrados pelas chamas. No Oregon, o clima de violência política está a reflectir-se nos fogos, gerando boatos que provocam ainda mais instabilidade.

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Veículos destruídos pelo fogo de Obenchain em Eagle Point, Oregon Reuters/ADREES LATIF
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Bombeiro a combater o incêndio na Floresta Nacional de Angeles, na Califórinia LUSA/ETIENNE LAURENT
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A cidade de Molalla, no Oregon, na área de evacuação obrigatória Reuters/CARLOS BARRIA
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Recolha de animais deixados para trás no incêndio de Berry Creek, na Califórnia LUSA/PETER DASILVA
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restos de uma habitação consumida pelas chamas no incêndio de Bear Creek, na Califórnia LUSA/PETER DASILVA
Los Angeles no centro
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A skyline de Los Angeles, com um céu cor de laranja LUSA/ETIENNE LAURENT

Já morreram pelo menos 26 pessoas na gigantesca vaga de incêndios que assola a costa Oeste dos Estados Unidos, e há dezenas de desaparecidos. Os estados da Califórnia, Oregon e Washington são os mais afectados e, para além das chamas, correm boatos que incendeiam os ânimos e travam a saída de populações de algumas áreas na linha do fogo.

Já arderam mais de dois milhões de hectares nos três estados e perderam-se provavelmente milhares de habitações, sobretudo no Oregon, onde 40 mil pessoas foram obrigadas a deixar as suas casas, por estarem numa zona de perigo –​ foi recomendado a 500 mil que o fizessem.

A necessidade de habitação faz com que cada vez mais casas sejam construídas em zonas de perigo, em caso de incêndio florestal, tornando-se uma armadilha quando acontecem estas catástrofes.

A poluição causada pelos incêndios deixou os céus de uma cor extraterrestre, alaranjada, que fez de Portland, a maior cidade do Oregon, a cidade com a pior qualidade do ar do mundo – seguida de São Francisco, na Califórnia, e de Seattle, em Washington, segundo o site IQAir.com, que permite avaliar a qualidade do ar em qualquer sítio.

Tem sido sobretudo no Oregon que as habituações têm ficado em perigo – com muitas pessoas a procurarem abrigo em refúgios, parques de estacionamento e, por vezes, a serem evacuadas dos próprios refúgios, devido ao avanço das chamas.

Mas há casos em que se recusam a abandonar as suas casas. Temem perder os seus bens e receiam os rumores que se têm espalhado, sobretudo em Portland e arredores –​ onde há protestos contra as desigualdades raciais e violência da polícia há meses, e onde houve confrontos que resultaram em mortos entre apoiantes do movimento Black Lives Matter e milícias de extrema-direita – de que grupos de manifestantes “antifa” estão a chegar.

“Já ouvi dizer que os ‘antifa’ estão na cidade, a partir e a roubar tudo nas ruas”, disse ao New York Times Ralph Mitchell, que tem uma loja de produtos de medicina natural em Molalla, uma cidade de 9000 habitantes a cerca de 40 km a sul de Portland, no Oregon. Dali não queria sair, apesar de um carro da polícia percorrer a cidade, com o altifalante a bradar “foi declarada uma emergência de risco de morte. Tem de sair da cidade”.

Mitchell citava rumores que corriam na Internet, no Twitter e no Facebook, de que activistas de extrema-esquerda estavam a atear os incêndios. “Estou a receber mensagens”, dizia. Também há boatos em sentido contrário, a dizer que milícias de extrema-direita estão por trás dos fogos –​ nenhum deles é verdadeiro.

A polícia desespera-se com estes boatos e com a quantidade de telefonemas que recebe por causa deles. Decidiu então postar também no Facebook, em letras garrafais, “Parem de espalhar boatos”.

No meio de toda esta tragédia, há previsões de que a meteorologia possa trazer algum alívio – na Califórnia, ainda este fim-de-semana, e nos estados de Washington e Oregon, no início da próxima semana, há algumas possibilidades de chuva, que traz alguma humidade, bem-vinda, para apoiar o trabalho dos cerca de 28 mil bombeiros envolvidos no combate às chamas em todo o Oeste dos Estados Unidos, segundo a MSNBC.

Da Califórnia uma notícia positiva: o governador democrata Gavin Newsom deu luz verde a uma lei que dará oportunidade aos presos do estado recrutados para combater os incêndios florestais de verem os seus registos criminais limpos, quando cumprirem a sua pena, facilitando a sua procura por um emprego.

“Os prisioneiros que estão na linha da frente a combater incêndios históricos não devem ver negado o direito a tornarem-se depois bombeiros profissionais”, disse Newsom no Twitter, na sexta-feira.

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