Polícia de Hong Kong deteve criança de 12 anos que estava a comprar material escolar
Quase 300 pessoas foram detidas no domingo. Activista pró-democracia Joshua Wong denuncia “brutalidade policial”. Autoridades dizem que jovem agiu “de forma suspeita” e que a detenção foi feita com a “mínima força necessária”.
A polícia de Hong Kong está a ser criticada pela detenção violenta de uma rapariga de 12 anos no domingo, dia em que milhares de pessoas saíram às ruas na região para protestar contra a Lei de Segurança Nacional imposta por Pequim e contra o adiamento das eleições. Quase 300 pessoas foram detidas por participarem nos protestos.
No vídeo amplamente partilhado nas redes sociais, vê-se a polícia a encurralar um grupo de pessoas, incluindo a jovem de 12 anos que, assustada, tenta fugir. Enquanto corre, é derrubada por um polícia e detida com a ajuda de outros agentes.
Em declarações ao jornal Apple Day, fundado pelo milionário e activista pró-democracia Jimmy Lai, que também já foi brevemente detido após a entrada em vigor da nova lei de segurança, a mãe da criança referiu que esta estava a comprar material escolar quando foi detida pela polícia. Revelou ainda, segundo o The Guardian, que a criança de 12 anos e o seu irmão de 20 foram multados por violarem as medidas de segurança impostas pelas autoridades de Hong Kong, que proíbem ajuntamentos de mais de duas pessoas devido à covid-19.
“Enquanto comprava materiais escolares, uma rapariga de 12 anos foi brutalmente esmagada pela polícia de Hong Kong, porque ficou aterrorizado e tentou fugir. Num estado policial, sob a lei de segurança nacional, enfrenta-se a brutalidade policial mesmo quando só se está a fazer compras”, denunciou no Twitter o activista pró-democracia Joshua Wong.
A polícia de Hong Kong confirmou a detenção da jovem, afirmando que esta fugiu “de forma suspeita” e que por isso procedeu à detenção com recurso à “mínima força necessária”. Segundo o site Hong Kong Free Press, a criança, identificava apenas como Pamela, ficou com ferimentos ligeiros e foi tratada no hospital Kwong Wah, juntamente com o irmão
Na noite de domingo, após o maior dia de manifestações desde a entrada em vigor da lei de segurança nacional no início de Julho, o governo de Hong Kong acusou os manifestantes de ignorarem os avisos da polícia e de violarem a lei, e defendeu a actuação das autoridades. “O governo condena veementemente os actos ilegais e egoístas”, disse o executivo em comunicado, citado pelo Guardian. “A polícia cumpriu as suas funções e tomou medidas imediatas e decisivas para deter os infractores.”
Mais de dois mil agentes da polícia foram mobilizados durante o dia e quase 300 pessoas acabaram detidas quando protestavam contra o adiamento das eleições, que se deveriam ter realizado no domingo. No entanto, invocando a pandemia de covid-19, o executivo de Carrie Lam adiou as eleições locais em Julho, um rude golpe para o campo pró-democracia, que contava com um bom resultado.