Quase 300 detidos após manifestação contra adiamento das eleições em Hong Kong
Protestos foram organizados no dia em que as eleições para o Conselho Legislativo se deviam ter realizado. Governo local justificou o adiamento da votação com a covid-19.
Perto de 300 pessoas foram detidas em Hong Kong neste domingo por participarem numa manifestação contra a lei da Segurança Nacional imposta por Pequim à região e contra o adiamento das eleições locais.
A polícia usou balas de borracha para reprimir os protestos e houve alguns confrontos entre manifestantes e polícias que estavam à paisana, diz o South China Morning Post. A certa altura, a polícia mostrou uma bandeira roxa para avisar um grupo que cantava slogans independentistas de que podiam ser presos ao abrigo da nova lei, descreve o mesmo jornal.
A entrada em vigor desse diploma é uma das razões que levou centenas de pessoas a voltar a sair à rua em Hong Kong. O sector pró-democracia considera que a lei vem punir qualquer tipo de crítica ou oposição à cada vez maior influência que Pequim exerce sobre o território que, em virtude do princípio “um país, dois sistemas”, deveria gozar de autonomia e os seus habitantes de direitos e liberdades que não existem no resto da China.
O adiamento das eleições para o Conselho Legislativo, que estavam marcadas para este domingo, também foi criticada pelos manifestantes. “Hoje seria o nosso dia de eleições, precisamos de resistir e lutar pelo nosso voto”, dizia à Reuters uma mulher de 70 anos que participou na manifestação.
O governo local decidiu adiar por um ano as eleições para prevenir novos surtos da covid-19 e garante que não há qualquer motivação política para o ter feito. O sector pró-democracia contava obter um bom resultado em função da grande mobilização que alcançou durante as manifestações do ano passado.
O número de acções de protesto caiu abruptamente nos últimos meses, sobretudo devido às medidas de contingência em vigor para conter a pandemia, mas nem por isso o movimento de oposição a Pequim esmoreceu. Recentemente, fizeram-se apelos ao boicote à oferta pela China de testes em massa à covid-19, diz a Reuters.
Desde o início da pandemia que Hong Kong registou 4800 infecções, um número bastante inferior ao de outras grandes cidades.