Fotografia
“É absolutamente mágico”: no céu da aldeia de Marco cabe todo o infinito
O jovem fotógrafo português queria partilhar com o mundo o céu que vê da sua aldeia. Então, decidiu começar a fotografar as estrelas do interior e o que existe para lá delas, invisível ao olho nu.
Marco Gil cresceu na aldeia de São Francisco de Assis, na Covilhã, e desde pequeno que se deixa maravilhar pelo céu do interior. Na inocência da juventude, acreditava que todos viam o mesmo céu que ele: límpido, estrelado e infinito. Quando descobriu que nem toda gente tinha esse privilégio, decidiu aliar a sua paixão pela fotografia à dos astros “para poder partilhar com o mundo aquele céu maravilhoso” que habitualmente observava. Descreve-o como “o céu mais visível para ver as estrelas, a par do do Alentejo”.
Munido da câmara fotográfica, uma objectiva grande angular, um tripé e uma lanterna — que se prova “fundamental” —, Marco parte, sempre sozinho, à procura de um fascínio celeste, quando as condições climáticas o permitem. Para o fotógrafo, “a dificuldade técnica não é grande”; "complicada" é a componente "emocional", "aquilo que as fotografias passam”. Trata-se de uma tarefa exigente, sempre com a intenção de “fotografar a história para lá das estrelas” — seja ela o que acontece durante a contemplação ou o que sentiu e quer transmitir nas suas fotografias.
“É aquela sensação de paz, de imensidão. No fundo, estamos a olhar para o infinito e parece que está nas nossas mãos, mas é infinito na mesma. É absolutamente mágico”, explica. Marco aventura-se no campo de madrugada — é a melhor altura — e parte sem companhia, pois defende que este é um exercício “privado e intimista”, durante o qual se estabelece “uma ligação quase umbilical, que parece que existe uma sintonia” com o universo. Já conta com algumas peripécias: de encontros com raposas (que quase lhe causaram um acidente de mota) a intervenções da polícia na Praia do Amado (que o deixou ficar sozinho por estar a fotografar).
Fotógrafo de casamentos durante o dia mas entusiasta da astrofotografia durante a noite, Marco conta que tudo começou há seis anos no campo de futebol da sua aldeia. Lá percebeu que é a fotografar as estrelas que se sente “mais pleno”.
Texto editado por Amanda Ribeiro