Sete polícias suspensos nos EUA por terem sufocado afro-americano em Rochester
Daniel Prude estava a ter um ataque psicótico e saiu para a rua nu, a dizer que tinha coronavírus. A polícia pôs-lhe um capuz na cabeça e imobilizou-o no chão, sem conseguir respirar. Morreu uma semana depois.
Sete polícias da cidade de Rochester, no estado de Nova Iorque, foram suspensos por terem participado, em Março, numa detenção em que foi usada sufocação de um cidadão afro-americano que acabou por morrer uma semana depois, no hospital.
“O senhor [Daniel] Prude morreu na nossa cidade. Perdeu a vida por causa da acção dos nossos agentes de polícia”, disse Lovely Warren, a presidente da câmara municipal de Rochester. “O nosso departamento de polícia falhou, o nosso sistema de saúde mental falhou, a nossa sociedade falhou. E eu falhei”, reconheceu.
Organizações de defesa dos direitos civis organizaram protestos em Rochester, e exigem a demissão da presidente da Câmara, que afirmou ter sido enganada pela polícia, que lhe subtraiu informação.
A presidente da Câmara de Rochester disse ainda que alguns dos agentes que foram suspensos aparecem nas imagens e os “outros tinham o dever de impedir o que estava a acontecer”. De acordo com a CNN, a autarca disse na quinta-feira que foi “enganada” pelo chefe da polícia local, que terá afirmado que Daniel Prude morreu na sequência de uma sobredose de drogas.
A ordem de suspensão foi emitida um dia depois de os advogados da família de Prude terem divulgado as imagens captadas por câmaras de vídeo da própria polícia, que mostram os agentes a taparem a cabeça do homem com um capuz, enquanto o mantêm vergado no chão.
O caso aconteceu a 23 de Março. Daniel Prude estava a ter um ataque psicótico e correu para a rua nu, a meio da noite, a dizer a quem passava que tinha coronavírus. Quando a polícia o abordou, começou a cuspir, por isso os agentes puseram-lhe um carapuço e restringiram-lhe os movimentos. Quando tentou levantar-se, a polícia manteve-lhe a cabeça junto ao chão, durante pelo menos dois minutos, vê-se no vídeo divulgado na quinta-feira. Ele perdeu os sentidos, e teve de ser submetido a manobras de ressuscitação.
Prude morreu no dia 30 de Março, uma semana depois, no hospital para onde foi transportado após a detenção.
Prude “não foi bem tratado” durante o incidente, disse ainda a presidente da Câmara, acrescentando que, se fosse “um branco”, teria sido tratado de forma diferente. “O racismo estrutural e institucional levou à morte de Daniel Prude. Estou contra (o racismo) e peço justiça”, afirmou Warren.
Na quinta-feira, o governador de Nova Iorque, Andrew Cuomo, exigiu respostas sobre a morte de Prude.
“Vi o vídeo da morte de Daniel Prude em Rochester. O que vi é alarmante e quero respostas”, disse Cuomo, em comunicado. O caso está a ser investigado há vários meses pela procuradora-geral de Nova Iorque, Letitia James.
O caso da morte de Daniel Prude junta-se a outros casos semelhantes ocorridos nos últimos meses e que geraram protestos nos Estados Unidos contra a violência policial de carácter racista.