Onde Está o Momo?: já há livro em português do cão que é “um espectacular companheiro de viagem”

Momo tornou-se conhecido no Instagram, onde Andrew Knapp, o seu tutor, partilha fotografias das aventuras que ambos vivem ao viajar pelos Estados Unidos, mas não só. As imagens das viagens pela Europa são agora lançadas em Portugal, no livro Onde Está o Momo?.

Foto

Viajar com um animal nem sempre é fácil. Tutor de um cão, e com um desejo de se “conectar com as pessoas”, o fotógrafo e designer canadiano Andrew Knapp decidiu juntar duas coisas que o apaixonam: viagens e animais. Com isso, foi viajar com o seu companheiro de quatro patas, Momo. Durante as viagens, Andrew teve a ideia de fotografar o border collie, que gosta de se esconder e de passear desde cachorro. Ao ter as fotos partilhadas no Instagram, Momo tornou-se um sucesso

O resultado destas experiências pode ser visto em Onde Está o Momo?, lançado no início de Agosto pela Arte Plural Edições. No livro, Andrew e Momo viajam pela Europa, transportando o leitor para os lugares através das fotografias. Quem ler o livro tem, no entanto, um objectivo: encontrar o animal, que se esconde na paisagem. No Dia Mundial do Cão, o P3 conversou com Andrew Knapp.

Começo a entrevista por te perguntar: como está o Momo?
Está bom [assobia e chama Momo]! Está a abrandar o ritmo, a ficar mais velho.

Estou a ver... Que idade tem?
Tem 12 anos. Nesta fase da vida não voltaria a viajar com ele, de todo. Viajar com ele pela Europa foi uma vez sem exemplo. Uma parte de mim gostava muito de ter ficado na Europa, e especificamente em Portugal. 

Foto
Andrew e Momo percorreram os Estados Unidos numa carrinha "pão-de-forma" amarela antes de viajarem pela Europa. DR

Essa era uma questão que queria abordar. Tu estiveste cá, ainda antes de outros países na Europa. Como é a experiência de viajar e viver aqui com um animal, neste caso um cão, quando comparado com outros países?
Portugal foi a minha primeira experiência na Europa e, no que toca à hospitalidade em relação aos cães, fiquei bastante impressionado... Conheces o café Hello, Kristof, aí em Lisboa?

Não, não...
Enquanto estive na cidade, ia lá todos os dias com o Momo e os empregados aceitavam sem quaisquer problemas. Na altura em que isso aconteceu, o vosso país tinha acabado de aprovar uma lei que permitia aos restaurantes e cafés decidir se deixavam entrar cães ou não, e isso foi muito importante para mim. Quer dizer, no Canadá, levar o teu cão a um restaurante é extremamente mal visto [risos]. Não seria possível. Por isso, Portugal foi uma grande surpresa. No entanto, a mobilidade não era muito dog-friendly, então decidi alugar um carro quando aí estive, porque foi antes de eu ter a minha van. Mas mudar-me-ia para Portugal, sem dúvida. Dos lugares que visitei, é daqueles onde viveria e gostei muito do facto de ser bastante acolhedor no que toca aos animais, e acho que está a mudar o paradigma um pouco, nesse aspecto. 

Há quanto tempo viajas com o Momo? Quantos países visitaram juntos? 
Bem, tenho viajado com o Momo desde que ele era cachorro. Comecei pelo Canadá, depois viajei pelos Estados Unidos e depois fomos para o México. Juntando já países europeus, acho que visitámos cerca de 30. Desde que o tenho que ele tem sido o meu companheiro de viagem. 

Qual foi o teu país favorito, além de Portugal?
No mundo?

Sim. 
Isso é muito difícil de dizer. Cada vez que me perguntam isso, sinto que é como perguntarem qual o filme ou a canção favorita... É muito difícil. Quer dizer, eu podia ir a Portugal amanhã e ter uma má experiência, entendes? Depende muito da primeira imagem. Ainda assim, gostei muito da Alemanha, Croácia, Espanha, Itália, Grécia, entre outros.

Eu li o livro e tens algumas fotografias espectaculares desses locais.
Obrigado! 

O que é que te levou a quereres partilhar estas experiências com as pessoas à volta do mundo, nos livros? 
Acho que é, sobretudo, uma necessidade intrínseca de me conectar e ligar às pessoas. Todos temos essa necessidade, não somos ilhas, não é? Não nos conseguimos isolar de toda a gente e viver numa cabana sozinhos para o resto da vida. E, de certa maneira, todos temos isso, mas em patamares diferentes. Todos gostamos de nos conectar com pessoas. Eu sou suspeito para falar mas, noutra perspectiva, adoro estar sozinho e viver sozinho. E depois equilibras isso, sabes? Gosto muito de estar sozinho, mas depois enlouqueço e apetece-me sair, então vou algures passar tempo com pessoas e amigos.

Fizeste amigos nas tuas viagens?
Sim! A maior parte das pessoas que considero minhas amigas são pessoas que conheci enquanto viajava. Eu não vivo onde cresci enquanto criança, e por isso as pessoas que conheci aqui estavam num lugar diferente do meu, nessa altura.

Achas que o teu livro pode ser visto como uma mensagem para não se abandonarem os animais de estimação quando se viaja ou se vai de férias?
Completamente! Também não é para os fracos de coração [risos]. Levares o teu cão numa viagem é pedir para teres uma viagem nova, completamente diferente. Levar um animal significa que não se poderão visitar certos lugares, mas irás viver outras experiências por causa disso. Por isso, vai-se fazer algo diferente, definitivamente, que não se teria feito de outra forma, mas recomendo-o totalmente, se se tiver coragem. E abre essa oportunidade de nos conectarmos com pessoas, como já falámos. 

Quais são as experiências diferentes de que falas? Consegues dar um exemplo?
Acho que, em grande parte, se acaba por resumir a estar no exterior. Para mim, os cães são um bocadinho como uma ligação à natureza, então tem de se pensar “Certo, o meu cão precisa de sair; o meu cão precisa de estar confortável e o meu cão precisa de água” e, se estiver calor, “o meu cão precisa de nadar”. Vai-se acabar sempre por ir parar à natureza. Quem viajar com um cão, vai ter de fazer percursos a pé, encontrar um lago ou o oceano, inevitavelmente.

Foto
DR

Depois da pandemia, planeias voltar a viajar com o Momo e o Boo [o outro cão de Andrew]? 
Sim, claro. Desde que fiz o livro das viagens na Europa que tenho tentado acalmar um pouco, porque viajar pode ser desgastante e cansativo. Acho que todos o devemos fazer, mas acho que deve ser feito de forma racional. Se comeres demasiado, podes engordar, tal como se viajares demasiado podes perder a vontade e as tuas rotinas. Eu tenho viajado, nos últimos anos, e, mesmo estando mais parado, quero muito voltar a viajar um pouco. Nunca estive tão parado durante tanto tempo.

E como é que o Momo se comporta durante uma viagem? Comporta-se bem ou fica nervoso?
Se ele ficasse nervoso, eu não viajaria com ele. Ele é espectacular, enquanto companheiro de viagem. É super relaxado no carro. Nós viajamos, a maior parte das vezes, numa van, então é quase como se ele fosse um cão que gosta do seu buraco, que por acaso é a carrinha, e que se transforma num buraco com rodas, no fundo. 

Como é o Momo quando conhece pessoas novas? 
Quando era mais pequeno, ficava nervoso. À medida que foi envelhecendo, tornou-se num gentleman. Mesmo que não goste de alguém, vai tentar amenizar as coisas. É um diplomata [risos]. O Boo já é diferente, às vezes dá algumas chatices...

Quais os planos para o futuro, enquanto viajante e tutor de cães?
Ter mais cães, totalmente. O meu plano a longo prazo é ter uma propriedade e arranjar mais cães. A curto prazo, irei viajar pelo Canadá no próximo Verão, porque não sei se será seguro viajar novamente para fora do país. Ainda assim, tenho um grande desejo de voltar a viajar pela Europa e poderá acontecer algures no futuro. Mas, a curto prazo, vou lançar um livro para crianças com o Boo, no próximo Verão, fazer algumas viagens por aqui e refugiar-me durante o Inverno, que não vai ser fácil. 

Que países gostarias de conhecer a seguir, além de visitar novamente a Europa?
Antes da pandemia, estava a pensar ir à América do Sul e conduzir lá. Agora, não sei. Vou ficar pelo Canadá durante uns tempos. 

Hoje [quarta-feira, 26 de Agosto] é o Dia Mundial do Cão.
Sim, acabei de ler no Twitter.

É engraçado entrevistar-te sobre este tema neste dia. Se pudesses deixar uma mensagem às pessoas que queiram viajar com animais no futuro, qual seria? 
Não sei... Talvez que tirem os sapatos, coloquem os pés no chão, andem com os seus animais e relaxem um pouco. 

Mesmo para terminar: se pudesses chamar o Momo para eu tirar uma fotografia aos dois, seria incrível. 
Sim, claro! Vou chamá-lo.

Texto editado por Ana Maria Henriques 

Sugerir correcção