Irmã de Trump diz que Presidente é “cruel” e “não tem princípios”
Maryanne Trump Barry, a irmã mais velha de Donald Trump, diz que ele é falso e está só interessado em agradar ao seu eleitorado, numa série de gravações secretas com a sobrinha do Presidente, Mary Trump. E lamenta a gestão da crise de imigrantes na fronteira com o México.
A irmã mais velha de Donald Trump, a juíza Maryanne Trump Barry, nunca falou contra o seu irmão ou sobre a sua presidência. Mas teve longas conversas com a sua sobrinha, Mary Trump, em 2018 e 2019, que ela usou no livro em que classificava Donald como perigoso e inapto para liderar o país. Agora, vieram a público e não poupa o irmão: “Não tem princípios. Nenhum. Nenhum.”
Os ataques de Maryanne Trump Barry ao Presidente são duros e ríspidos. Acusa o irmão de ser “cruel” e “falso”, além de criticar fortemente a sua política anti-imigração. “É a falsidade de tudo. A falsidade e a crueldade. Donald é cruel”, disse Barry, de 83 anos, chocada com a forma como o seu irmão de 74 anos age enquanto Presidente dos Estados Unidos, como se pode ouvir nas gravações reveladas neste domingo no Washington Post e também a Associated Press.
A irmã de Trump foi juíza num tribunal federal, julgou casos sobre imigração. Num deles, admoestou um outro juiz por não respeitar uma pessoa que pedia asilo. Num dos extractos da gravação, é ouvida a lamentar “o que estão a fazer às crianças na fronteira" - a politica da Administração Trump de separar os pais dos seus filhos, que se perdem no sistema, por vezes de forma definitiva, sem que os seus familiares consigam encontrá-los depois.
“O meu irmão não leu as minhas opiniões sobre imigração”, afirmou Maryanne Trump Barry. “Ele não lê”, resumiu.
Criticou a decisão de separar crianças dos pais e de prender jovens em espaços fechados até à decisão do tribunal, que pode demorar bastante tempo. Maryanne Barry disse à sua sobrinha que Donald “só quer apelar à sua base” de apoio eleitoral. “E a sua base, meu Deus, se fosses uma pessoa religiosa, quererias ajudar as pessoas. Não fazer isto”.
Noutro ponto, a irmã de Trump declarou: “O seu maldito tweet e as mentiras, meu Deus”. “Estou a falar muito livremente, mas sabes isso. A mudança de histórias. A falta de preparação. A mentira (…)”, sublinhou Maryanne Barry.
O Washington Post pediu comentários a Barry e à Casa Branca, sem sucesso.
Antes da Convenção
Em Julho, Mary Trump lançou um livro, Too Much and Never Enough: How My Family Created the World's Most Dangerous Man (Demasiado e Nunca Suficiente: Como a Minha Família Criou o Homem Mais Perigoso do Mundo), no qual também dizia que o Presidente americano pagou a alguém para fazer os exames de acesso à universidade por ele. As conversas mostram agora que o testemunho de Maryanne Trump Barry foi essencial para essa conclusão.
“Ele andou em Fordham durante um ano e depois foi para a Universidade de Pensilvânia porque pediu a alguém para lhe fazer os exames. Até me lembro do nome [da pessoa]”, disse.
Desde o lançamento do livro que Mary Trump foi questionada sobre a fonte de algumas de suas informações. Em nenhuma parte do livro diz que gravou conversas com a sua tia. No sábado, Mary Trump revelou que tinha gravado secretamente 15 horas de conversas cara a cara com Maryanne Barry.
“Mary percebeu que membros da sua família mentiram em depoimentos anteriores”, disse Chris Bastardi, porta-voz de Mary Trump, acrescentando que, “antecipando o litígio, achou prudente gravar as conversas para se proteger”.
As gravações surgiram apenas um dia depois do falecido Robert Trump, irmão de Maryanne e do Presidente, ter sido homenageado numa cerimónia na Casa Branca. E um dia antes do início da Convenção Republicana, onde Donald Trump é nomeado candidato do partido às eleições de partido, para tentar a reeleição para a Casa Branca.
Mais tarde, o Presidente desvalorizou o conteúdo das gravações.
“Todos os dias há mais alguma coisa, ninguém quer saber. Sinto falta do meu irmão e continuarei a trabalhar duro para o povo americano”, disse Donald Trump num comunicado. “Nem todos concordam, mas os resultados são óbvios. O nosso país em breve estará mais forte do que nunca.”
Editado por Clara Barata