André Ventura promete “maior marcha alguma vez vista” contra anti-racismo em Évora

Líder do partido Chega diz que manifestação servirá para contrariar discurso “hipócrita” do anti-racismo.

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Nuno Ferreira Santos

O líder demissionário e recandidato do Chega anunciou este sábado que vai organizar a “maior marcha alguma vez vista em Portugal” contra o discurso “hipócrita” do anti-racismo, o qual considera “esconder a corrupção”, em Setembro, na cidade de Évora.

“Será uma grande marcha - a maior alguma vez vista em Portugal neste tipo de eventos -, com o lema “contra a hipocrisia do racismo para esconder a corrupção”. Haverá representantes de todos os partidos da Identidade e Democracia (ID), isso é certo. Estará o presidente da ID. Isso é certo. Queremos que venham manifestantes de toda a Europa”, disse André Ventura à Agência Lusa.

A ID é família europeia do Chega: grupo Identidade e Democracia (ID), presidido pelo belga Gerolf Annemans (Interesse Flamengo). As presenças da francesa Marine Le Pen (Frente Nacional) e do italiano Matteo Salvini (Liga Norte) continuam por confirmar.

Será o nosso grito contra o racismo e marca o arranque do II congresso do partido. Começará às 19h nas portas de Évora e marcharemos até à praça do Giraldo, onde terminará a concentração”, continuou o deputado único do Chega, referindo-se à data de 18 de Setembro.

A II Convenção Nacional deste partido populista de direita está agendada para 19 e 20 de Setembro em local ainda a definir na capital alentejana, seguindo-se às eleições directas para a presidência (5 de Setembro).

O Chega já promoveu duas “contramanifestações” em Lisboa com a mesma máxima, defendendo não existir racismo em Portugal, para contrabalançar outras concentrações e marchas anti-racistas e com a participação de partidos de esquerda.

Nos últimos dias, três deputadas e sete activistas foram alvo de ameaças por uma autoproclamada “Nova Ordem de Avis – Resistência Nacional”, que reivindicou também uma acção junto à associação SOS Racismo, levando o Governo a condenar estas acções como “uma ameaça à própria democracia” que deve indignar “todos os democratas”.

Na quinta-feira, o Ministério Público instaurou um inquérito-crime ao assunto, um dia depois de o dirigente da SOS Racismo Mamadou Ba ter prestado declarações na Polícia Judiciária e ter confirmado a recepção, juntamente com mais nove pessoas, de uma mensagem de correio electrónico a estipular o prazo de 48 horas para abandonar o país.

O Presidente da República recomendou aos democratas “tolerância zero” e “sensatez” para combater o racismo, ao comentar as ameaças.

Vários partidos, bem como o presidente da Assembleia da República, repudiaram as ameaças feitas aos activistas e à associação.