Bielorrússia: Candidata da oposição apela a manifestações no fim-de-semana

Greves generalizam-se e Governo de Lukashenko anuncia libertação de 2000 dos 6700 manifestantes detidos no dia em a União Europeia discute situação política na Bielorrússia. Protestos, greves e manifestações de solidariedade continuam.

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Trabalhadores de uma fábrica de tractores fizeram greve e saíram à rua em Minsk LUSA/TATYANA ZENKOVICH
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Manifestante que foi detido e agora detido recebe tratamento à saída da prisão,Manifestante que foi detido e agora detido recebe tratamento à saída da prisão Reuters/AGENCJA GAZETA,Reuters/AGENCJA GAZETA
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Trabalhadores da fábrica de camiões de Minsk (MAZ) protestam contra o resultado das eleições,Trabalhadores da fábrica de camiões de Minsk (MAZ) protestam contra o resultado das eleições LUSA/TATYANA ZENKOVICH,LUSA/TATYANA ZENKOVICH
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Manifestante libertado recebe tratamento para os maus-tratos que sofreu no exterior da prisão LUSA/TATYANA ZENKOVICH
,Presidente da Bielo-Rússia
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Manifestação contra a violência em Minsk,Manifestação contra a violência em Minsk Reuters/VASILY FEDOSENKO,Reuters/VASILY FEDOSENKO
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Familiares e amigos de manifestantes detidos aguardam no exterior da prisão Reuters/AGENCJA GAZETA

Svetlana Tikhanouskaia, a candidata da oposição na Bielorrússia que fugiu para a Lituânia após o início da repressão dos protestos, apelou à realização de manifestações pacíficas neste fim-de-semana em todas as cidades do país e pediu aos seus apoiantes para assinarem uma petição online a pedir a recontagem dos votos das eleições do último domingo, consideradas fraudulentas pela oposição e pela União Europeia.

“Temos de parar com a violência nas ruas das cidades bielorrussas. Peço às autoridades que parem e aceitem dialogar. Peço a todos os presidentes de câmara que organizem manifestações pacíficas massivas em cada cidade nos dias 15 e 16 de Agosto”, afirmou Tikhanouskaia, num vídeo publicado esta sexta-feira no YouTube. “As nossas vozes têm de ser ouvidas”, reiterou.

No dia em que os ministros dos Negócios Estrangeiros da UE se reúnem de emergência para discutir a resposta violenta do regime de Aleksander Lukashenko aos protestos que exigem a sua saída do poder, as manifestações pacíficas e as greves continuam um pouco por toda a Bielorrússia, e estendem-se a vários sectores, desde as fábricas aos trabalhadores do metropolitano, chegando também aos médicos, professores e jornalistas.

Nas ruas, continuam a ser depostas flores em homenagem às duas pessoas que morreram na repressão dos protestos, que começaram domingo, e manifestantes pacíficos formam cadeias humanas em solidariedade com as vítimas da violência do regime.

Esta sexta-feira, Lukashenko, que governa o país com mão de ferro há 26 anos e tem dito que quem sai às ruas para protestar são criminosos e desempregados, garantiu que está vivo e que vai continuar no país. Numa tentativa de conter as greves e recuperar uma das suas principais bases de apoio – a classe operária –, o Presidente bielorrusso elogiou os trabalhadores, considerando-os a “espinha dorsal do país” e alertou para os riscos da greve para a economia bielorrussa.

Depois de na quinta-feira ter começado a libertar alguns dos mais de 6700 manifestantes detidos e após um raro pedido de desculpas do ministro da Administração Interna, Yuri Karayev, Lukashenko deu ordens para que a libertação dos prisioneiros continuasse esta sexta-feira – segundo os números do Governo, já foram libertadas mais de 2000 pessoas.

À saída das prisões, os activistas pró-democracia denunciaram a violência brutal a que foram sujeitos nos últimos dias, mostrando hematomas em várias partes do corpo. A Amnistia Internacional denuncia numa “campanha de tortura generalizada”, com os prisioneiros a serem despidos, espancados e ameaçados de violação.

UE prepara resposta 

Com a pressão internacional a aumentar sobre Minsk, o Governo bielorrusso manifestou disponibilidade para dialogar com a comunidade internacional. Numa conversa com o seu homólogo suíço, Vladimir Makei disse que o Governo de Lukashenko está disponível para um “diálogo construtivo e objectivo com os parceiros internacionais” relativamente aos acontecimentos dos últimos dias.

Em Bruxelas, no entanto, a pressão para uma resposta dura é cada vez maior. Antes da reunião extraordinária dos ministros dos Negócios Estrangeiros da UE, com início marcado para as 14h00, a presidente da Comissão Europeia, Ursula Von der Leyen, defendeu a necessidade de mais sanções ao regime.

“Precisamos de sanções adicionais contra aqueles que violaram valores democráticos ou abusaram de direitos humanos na Bielorrússia”, escreveu Von der Leyen, na rede social Twitter.

“Estou confiante de que a reunião de hoje dos ministros dos Negócios Estrangeiros da UE demonstre o nosso forte apoio ao direito das pessoas na Bielorrússia às liberdades fundamentais e à democracia”, acrescentou.

Pelo menos nove países da UE – Polónia, República Checa, Estónia, Letónia, Lituânia, Dinamarca, Alemanha, Áustria e Suécia – já defenderam abertamente a imposição de sanções a Minsk. Portugal, que estará representada na reunião desta sexta-feira pela secretária de Estado dos Assuntos Europeus, Ana Paula Zacarias, defende uma “posição firme da UE” em relação ao regime de Lukashenko.

O primeiro-ministro checo, Andrej Babis, anunciou que, juntamente com o seu homólogo polaco, Mateusz Morawiecki, vai propor uma reunião extraordinária do Conselho Europeu a Charles Michel a defender a repetição das eleições presidenciais na Bielorrússia, que “devem ser transparentes e ter a presença de observadores internacionais”, que estiveram ausentes das de domingo.

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