Amazónia volta a arder. Bolsonaro diz que é “mentira”

O cenário repete-se: nos últimos dias, intensificaram-se os incêndios num dos ecossistemas mais importantes do planeta Terra. No entanto, e apesar dos dados apresentados pelo seu próprio Governo, o Presidente brasileiro nega a existência de fogos.

Bombeiros do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) tentam combater as chamas em Apui Reuters/UESLEI MARCELINO
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Bombeiros do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) tentam combater as chamas em Apui Reuters/UESLEI MARCELINO

Nos primeiros dez dias de Agosto deflagraram mais de dez mil incêndios na floresta amazónica. As nuvens escuras tapam os céus do interior brasileiro e as chamas iluminam a noite. Bombeiros e exército tentam combater as chamas perto da localidade de Apui. Apesar de um cenário calamitoso, Jair Bolsonaro diz que nada se passa e que as notícias sobre os incêndios são “mentira”.

O Presidente brasileiro discursou na terça-feira para outros líderes de países sul-americanos que pertencem ao Pacto de Letícia, um acordo para proteger a floresta tropical da Amazónia. Bolsonaro convidou os líderes a sobrevoar a floresta entre as cidades interiores de Boa Vista e Manaus, já que não iriam ver uma única chama.

“Vocês não acharão nem um foco de incêndio, nem um quarto de hectare desflorestado”, disse o Presidente, garantindo que o Brasil consegue proteger a floresta, já que a maioria da sua área se mantém em pé. Além disso, a própria Amazónia é, segundo Bolsonaro, uma área húmida, pelo que não há incêndios.

Angustiado pela pressão internacional por parte de governos e órgãos de comunicação social para proteger um dos ecossistemas mais essenciais à sustentabilidade da vida na Terra, o líder brasileiro afirmou ainda que o mundo está a apresentar uma falsa narrativa, à semelhança do que acontecera em 2019.

Bolsonaro desafiou os números, mas o seu próprio Governo contraria-o com factos. Os dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais brasileiro, uma entidade pressionada por Bolsonaro por apresentar relatórios menos favoráveis sobre a Amazónia, mostram um aumento de 17% no número de incêndios em relação ao ano passado.

Em 12 meses, entre Julho de 2019 e Julho de 2020, a desflorestação na Amazónia aumentou 34,5%. Bolsonaro apenas teve razão num ponto: a devastação de florestas para indústria – nomeadamente agricultura – caiu em Julho. No entanto, foi apenas a primeira queda em 15 meses.

Reuters/UESLEI MARCELINO
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Apesar de Bolsonaro argumentar que não há incêndios, as chamas iluminam as noites no interior brasileiro há vários dias
Apesar de Bolsonaro argumentar que não há incêndios, as chamas iluminam as noites no interior brasileiro há vários dias Reuters/Ueslei Marcelino
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As imagens das manhãs de Agosto na floresta mais importante do planeta têm sido repetitivas: uma faixa de floresta queimada, outra faixa em perigo
As imagens das manhãs de Agosto na floresta mais importante do planeta têm sido repetitivas: uma faixa de floresta queimada, outra faixa em perigo Reuters/UESLEI MARCELINO
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A densidade da floresta torna muitas vezes difícil o combate aos fogos que deflagram no seu interior
A densidade da floresta torna muitas vezes difícil o combate aos fogos que deflagram no seu interior Reuters/UESLEI MARCELINO
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