Num dia com mais de 120 incêndios, um bombeiro morreu, cinco ficaram feridos e foi encontrado um homem carbonizado
Operacional, de 34 anos, morreu em Leiria. Em Valongo, incêndio chegou a ameaçar algumas casas.
Um bombeiro morreu este sábado enquanto estava nas operações de consolidação de um fogo na freguesia do Arrabal, em Leiria. O homem, de 34 anos, sofreu uma paragem cardiorrespiratória, foi socorrido no local e morreu no hospital, confirmou o Comando Distrital de Operações de Socorro (CDOS) de Leiria ao PÚBLICO. Outros cinco operacionais ficaram feridos num acidente em Ourém. Com oito distritos em alerta vermelho e os restantes em alerta laranja, registaram-se ao longo deste sábado 128 incêndios. O número de fogos é inferior ao registado na sexta-feira, mas a dificuldade “foi maior”, de acordo com a Protecção Civil.
Às 18h30, hora da apresentação do balanço diário da Protecção Civil, estavam activos oito incêndios no país e encontravam-se em fase de rescaldo e consolidação 120 fogos. Foi um dia particularmente difícil para os bombeiros no terreno. Luís Belo Costa, comandante operacional do Agrupamento Distrital do Centro Sul da Protecção Civil, referiu que os fogos registados “rapidamente se tornavam bastante violentos” e com várias dificuldades “no que diz respeito ao empenhamento e à capacidade de supressão”.
Durante o dia, cerca de 3700 operacionais combateram fogos em todo o país, apoiados por “cerca de mil veículos e cerca de 83” aeronaves. Até às 18h30, foi no distrito do Porto que se registaram mais ocorrências (cerca de 50), seguido dos distritos de Braga e Aveiro. O Centro do país também preocupou as autoridades. Luís Belo Costa afirmou que “elevar o estado de alerta especial vermelho para os distritos do Norte do país foi ajustado, na medida em que foram registadas mais ocorrências e mais violentas”, mas as situações verificadas no Centro “foram igualmente difíceis”.
Os oito incêndios mais violentos e que preocuparam mais durante este sábado ocorreram em Valongo, em duas freguesias no distrito de Leiria (Arrabal e Barreiria), Ourém, Vila de Rei, Viseu, Vale de Cambra e Paredes.
A situação mais preocupante foi a de Valongo, no distrito do Porto. Pelo menos duas pessoas tiveram de ser retiradas de suas casas na freguesia de Sobrado devido ao fogo, de acordo com a agência Lusa. Entretanto o fogo deixou de ameaçar as habitações e a frente de incêndio passou a progrediu para Paços de Ferreira. Pelas 23h30, o comandante da Protecção Civil de Valongo, Delfim Cruz, dizia à Lusa que o incêndio estava “fora de controlo” nessa zona: “O incêndio no lado de Valongo está em rescaldo. A situação está complicada em Paços de Ferreira, progrediu de Santo Tirso em direcção a Paços de Ferreira e aí está muito complicado. Ele foi em direcção à cadeia e agora vai em direcção à zona industrial de Seroa. Está fora de controlo. Possivelmente foi por causa do vento e das condições da zona”.
Em Ourém, um acidente num autotanque resultou em cinco bombeiros feridos. Quatro ficaram levemente feridos e o quinto bombeiro ficou gravemente ferido, tendo sido transportado de helicóptero para o hospital, confirmou o PÚBLICO junto do comando territorial da Guarda Nacional Republicana.
Em Barreiria, Leiria, o CDOS confirmou ao PÚBLICO que um homem morreu carbonizado dentro de uma viatura, destruída pelas chamas. No entanto, nem o CDOS nem Luís Belo Costa relacionaram isto como possível causa do incêndio.
No incêndio na freguesia de Bodiosa, em Viseu, às 20h30 estavam no local mais 330 operacionais, afirmou fonte da Protecção Civil à agência Lusa, apoiados por 105 viaturas e seis meios aéreos. A mesma fonte acrescentou que o fogo, que lavra numa zona de mato de difícil acesso, só tem uma frente activa e espera-se que seja dominado durante a noite.