Liberais Democratas britânicos procuram um líder que os faça sentir novamente relevantes
Ed Davey e Layla Moran são candidatos à liderança dos Liberais Democratas. Partido nunca mais recuperou protagonismo desde a participação no Governo de Cameron e afundou-se nas últimas eleições. Nome do sucessor de Swinson é conhecido em Agosto.
“Apresento-me aqui hoje não só como líder dos Lib Dems, mas como candidata a primeira-ministra. Não há limites à minha ambição para o meu partido, para o meu movimento e para o meu país”. Estas palavras têm pouco mais de um ano e foram proferidas por Jo Swinson no primeiro discurso como líder dos Liberais Democratas britânicos.
Cinco meses depois, o partido caía com estrondo nas eleições legislativas vencidas por Boris Johnson e pelo Partido Conservador e a “candidata a primeira-ministra”, que nem conseguiu ser eleita pelo seu círculo eleitoral, apresentava a demissão, abrindo caminho para a eleição do quinto líder partidário no espaço de cinco anos.
Esta quinta-feira, e depois de terem obtido as nomeações necessárias de deputados, membros e repartições locais do partido, foram confirmados os nomes dos candidatos à liderança dos Liberais Democratas: Edward Davey e Layla Moran.
Um ou outro terá a difícil missão de voltar a dar relevância a um partido que, desde a participação no Governo de David Cameron (2010-2015), tem vindo a acumular mais momentos baixos do que altos e que, depois de desempenhos interessantes nas eleições locais e europeias do ano passado, foi fortemente castigado nas legislativas de Dezembro, por querer cancelar a saída do Reino Unido da União Europeia.
A votação será aberta aos mais de 100 mil membros registados e terá lugar entre 30 de Julho e 26 de Agosto. O anúncio do sucessor de Nick Clegg (2007-2015), Tim Farron (2015-2017), Vince Cable (2017-2019) e Jo Swinson (2019) está a agendado para o dia 27 desse mês.
Can the Lib Dems make a comeback?
— BBC Politics (@BBCPolitics) July 9, 2020
Well, first of all, they need a new leader and Sir Ed Davey and Layla Moran are vying for the top spothttps://t.co/1Za2Lhz75l pic.twitter.com/371IH0E9S2
Sir Ed Davey tem 56 anos, é co-líder interino dos Liberais Democratas desde Dezembro, deputado pelo círculo eleitoral londrino de Kingston e Surbiton e representa a ala mais centrista do partido. Favorito para as casas de apostas, Davey foi derrotado por Swinson na eleição interna de 2019 e serviu como ministro da Energia e das Alterações Climáticas no Governo de Cameron.
Layla Moran tem 37 anos e ascendência palestiniana, é deputada por Oxford West e Abingdon desde 2017 e serve actualmente como porta-voz dos liberais para a Educação. Professora de profissão, também liderou a pasta do Digital, Cultura, Media e Desporto do partido e é vista como a candidata da facção de centro-esquerda dos Liberais Democratas.
Ainda que a mensagem anti-“Brexit” de Jo Swinson ajude a explicar parte do fracasso do partido liberal em convencer um eleitorado muito saturado da discussão europeia nas últimas eleições, a gestão ineficaz da ambiciosa dirigente escocesa parece fazer parte de uma tendência de declínio, já com alguns anos.
Thank you to all of you who've nominated me so far, if you haven't you've got until 5pm today.
— Layla Moran ???? (@LaylaMoran) July 9, 2020
Don't hesitate, nominate!
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Os Liberais Democratas perderam em 2015 o estatuto de terceira força em Westminster – para o Partido Nacional Escocês – que, por sua vez, lhes retirou a possibilidade de serem parceiros relevantes e valiosos para conservadores ou trabalhistas.
Basta olhar para os deputados liberais conquistados nas últimas cinco eleições para dar conta dessa decadência: 62 deputados eleitos nas legislativas de 2005, 57 deputados em 2010, oito em 2015; 12 em 2017 e 11 em 2019.
“Vivemos tempos desafiantes para o nosso partido e para o nosso país e eu acredito que tenho a experiência, a visão e o discernimento necessários para estar à altura desses desafios”, afirmou Ed Davey esta quinta-feira, citado pela BBC. “Quero que os Liberais Democratas defendam uma sociedade mais solidária, ecológica e justa”.
“Liderando um partido renascido, focado na economia, na educação e no meio ambiente, que atenda às preocupações dos eleitores de todo o país, podemos começar a ganhar, de novo. [Ganhar] nunca foi tão importante como agora”, afiançou, por sua vez, Layla Moran.
“We need a massive #GreenRecovery so we both provide jobs and tackle the next crisis, the climate crisis.” - @EdwardJDavey ???? pic.twitter.com/my72ScmIf4
— Liberal Democrats (@LibDems) July 8, 2020
A resposta à pandemia do coronavírus e a discussão sobre a futura relação comercial entre Reino Unido e União Europeia constam, destacadas, na agenda política dos próximos meses, à qual os liberais terão de dar atenção.
Mas o objectivo a curto prazo do próximo líder dos Liberais Democratas será o de encontrar o seu espaço dentro da oposição a Boris Johnson e aos tories. Depois de três anos algo erráticos, com Jeremy Corbyn ao leme, o Partido Trabalhista parece ter encontrado o seu caminho com Keir Starmer. A aparente moderação do Labour é mais um obstáculo para os Lib Dems.