De assassino de plantas a um jardim pela casa toda: Sofia tira as dúvidas (e as pragas)
O calor do Fundão raramente favorece o jardim interior que Sofia plantou pela casa toda. As calatheas odeiam-no, quase todas as outras espécies mal o toleram. E, ainda assim, a sala da programadora de software parece ser o habitat natural das plantas nativas da América tropical, suspiram muitos visitantes do jardim durante as "visitas" online. A colecção viva propaga-se, floresce e desenrola-se em novas folhas todas as Primaveras, mantendo-se estóica durante o Inverno. A evolução é cuidadosamente documentada e energeticamente partilhada. "Adoro ver a resposta das plantas ao nosso cuidado. É um ser vivo que está ali", confidencia Sofia Manuel.
Explicar formas de evitar bordas acastanhadas nas folhas (água destilada, se se estiverem a perguntar), o apodrecimento das raízes ou transformar o tempo perdido a limpar o pó das folhas (afinal é mesmo preciso) numa "terapia" de final de dia de trabalho começou a encher a caixa de mensagens do perfil de Instagram de @atripeirinha. "Eu morava num T1 e já tinha a casa cheia de plantas, mas era uma parte da minha vida que não partilhava assim tanto. O que eu fazia antes de sair de casa era pôr a maior parte das plantas que estava no meu quarto em cima da cama, porque era o sítio onde conseguia apanhar mais luz. Todos os dias", comenta, com o P3. Há dois anos, falávamos sobre a nova carrinha que Sofia tinha convertido numa casa sobre rodas, depois da #vanlife nos ter levado até ao perfil pessoal que, muitos vasos depois, conta com mais de 26 mil seguidores. Agora, mais de 200 plantas, dois gatos e um pastor alemão espraiam-se por mais divisões.
Não são rotinas que assustem quem a ouve, mais recentemente em tutoriais no YouTube, em que explica "quando trocar plantas de vaso" ou "como acabar com as pragas nas plantas". Os comentários chegam-lhe de pessoas que não têm ainda nenhuma planta de interior ao seu cuidado e de quem, "de repente, já reuniu 40", fotografa cada nova folha e partilha memes sobre plantas.
"Eu acho que a vontade de ter plantas saltou uma geração", comenta, a certa altura. Aos 30 anos, a dela esgota as monsteras deliciosas dos hortos e lembra-se das costelas de Adão na casa dos avós, antes de serem cool no Instagram. A viver em cidades, longe de espaços naturais, eles querem trazer a natureza para dentro dos apartamentos. "Muita gente diz o mesmo. Os meus avós tinham imensas, mas a minha mãe nunca teve plantas em casa, nunca teve vontade. Quando muito uns vasos na janela e, passado um mês, já estavam falecidas." Curiosos, perguntamos se recentemente, deixou morrer alguma, vítima de descuido. "Um feto. Não o reguei. Era um pequenino. Numa ronda esqueci-me de verificar se precisava de água. Está a recuperar, mas ficou em mau estado."