Oito trabalhadores de uma construtora assassinados em Cabo Delgado

Ataque contra a viatura onde seguiam os trabalhadores da Fenix foi atacada por jihadistas com farda do exército moçambicano. Três ocupantes fugiram e esconderam-se no mato, outros três estão desaparecidos.

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Campas dos oito trabalhadores assassinados no dia 27 e que foram a enterrar no dia 3 de Julho DR

Uma viatura onde seguiam trabalhadores da construtora Fenix foi emboscada a poucos quilómetros da Mocímboa da Praia, na província moçambicana de Cabo Delgado, na estrada nacional 380, por cinco atiradores vestidos com fardas do exército moçambicano. Do ataque a tiro resultou a morte de pelo menos oito ocupantes da viatura. Três conseguiram escapar escondendo-se no mato e outros três estão desaparecidos.

O ataque aconteceu no dia 27, quando os jihadistas atacaram e destruíram a vila de Mocímboa da Praia, mas só esta segunda-feira foi divulgado. De acordo com a organização não-governamental moçambicana Centro para a Democracia e Desenvolvimento (CDD), os corpos dos trabalhadores mortos foram recuperados por uma equipa de segurança contratada pela Fenix Constructions, que trabalha para as empresas petrolíferas concessionárias da exploração do gás natural na região de Palma, 94 km a norte de Mocímboa de Praia.

Tudo aponta que os autores do atentado pertençam ao mesmo grupo de jihadistas que atacaram Mocímboa da Praia, que costumam usar fardas e armamento roubado às Forças de Defesa e Segurança (FDS) de Moçambique.

Foi um dos trabalhadores que fugiu para a mata quem contou o sucedido no dia seguinte em Palma, depois de ter passado a noite em Quelimane e antes de apanhar uma boleia de moto até às instalações da Fenix. Os outros dois sobreviventes permaneceram escondidos, um até ao dia 1 de Julho, o outro até ao dia seguinte.

Os oito mortos foram a enterrar na passada sexta-feira, em Palma, seguindo instruções das autoridades locais. Quanto aos três trabalhadores desaparecidos, não há ainda qualquer informação sobre o seu paradeiro, se estão vivos ou mortos.

Tal como em outros ataques dos insurgentes de Cabo Delgado, as autoridades moçambicanas mantiveram o silêncio sobre o acontecido em Mocímboa da Praia, quer sobre a emboscada ao veículo, quer sobre o ataque à povoação que terá sofrido bastantes danos causados pelos jihadistas e nos combates com os militares.

Ao contrário dos outros dois ataques à vila, em que os insurgentes rapidamente ocuparam a zona urbana, desta vez os jihadistas encontraram forte resistência militar. As FDS referiram logo a seguir que tinham matado muitos “terroristas”, falando de uma centena de combatentes mortos.

“Mocímboa da Praia já não existe!”, disse ao CDD um dos habitantes que se refugiou em Pemba, capital provincial. Outros, que fugiram para Mueda, no interior, garantiram que a vila ficou completamente destruída e praticamente abandonada. Um milhar de pessoas terá fugido da zona de Mocímboa da Praia e um número indeterminado terá morrido.

Segundo o CDD, nem toda a destruição de infra-estruturas e mortes de civis são atribuídos aos jihadistas, havendo relatos de que algumas casas foram atingidas pelos próprios helicópteros sul-africanos ao serviço das FDS: “Perante a dificuldade de identificar o inimigo misturado com civis, optaram por usar a estratégia de ‘terra queimada’”.

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