Carruagens compradas à Renfe começam a circular no final do ano

CP adquiriu, por 1,65 milhões de euros, 51 carruagens que serão requalificadas nas oficinas de Guifões. Ministro das Infra-estruturas quer mais material circulante em Portugal, pois a situação do país é “grave”.

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PAULO PIMENTA

As primeiras carruagens do pacote de 51 compradas pela Comboios de Portugal (CP) à espanhola Renfe por 1,65 milhões de euros destinam-se à Linha do Minho e vão estar a funcionar entre Dezembro e Janeiro, segundo anunciado esta segunda-feira. O ministro das Infra-estruturas e da Habitação adiantou que Portugal quer lançar concursos para material circulante, mas ainda não referiu nenhuma data.

“A aquisição de material circulante disponível em Espanha faz parte de um esforço de curto prazo para fazer face às necessidades dos portugueses. A CP com 1,65 milhões de euros comprou 51 carruagens [usadas] que novas custariam [cada uma] mais de um milhão de euros”, destacou o ministro das Infra-estruturas e da Habitação, Pedro Nuno Santos, na visita realizada ao Parque Oficinal de Guifões, concelho de Matosinhos, onde a CP está a requalificar as carruagens compradas à Renfe.

Ainda de acordo com o governante, o investimento total, contando com a requalificação, poderá rondar os sete a oito milhões de euros e as carruagens vão estar ao serviço das linhas de intercidades e regionais, podendo circular a 200 quilómetros por hora.

Já de acordo com o presidente da CP, Nuno Freitas, 18 das 51 carruagens já se encontram em Guifões, três “chegam ainda hoje [segunda-feira]” e as restantes “muito em breve”.

Nuno Freitas avançou que as primeiras que ficarão prontas servirão para a inauguração da requalificação da Linha do Minho prevista para Dezembro ou Janeiro.

“Constitui um aumento de 50% do parque que pode ser destinado ao intercidades. Pode-se dizer o que se quiser, mas nos últimos anos, nomeadamente no último ano, fez-se aquilo na ferrovia que não se fez durante décadas. O país precisa de material circulante novo. Não abdicamos de lançar concurso. Mas demora alguns anos e não podemos ficar à espera”, disse Pedro Nuno Santos.

O ministro não adiantou datas para os concursos, mas referiu que a situação é “grave". "Daqui a alguns anos a situação agrava-se. Temos comboios com 70 anos a circular em Portugal na linha de Cascais, por exemplo”, disse.

Pedro Nuno Santos respondia à pergunta sobre se Portugal está preparado, ao nível dos transportes, para a pressão que a pandemia da covid-19 está a criar progressivamente com mais pessoas a recorrer aos comboios e metropolitanos à medida que as medidas de desconfinamento vão sendo alargadas, tendo admitido que “a maior pressão está nos grandes centros urbanos, como Lisboa e do Porto”.

“A situação só ainda não é mais grave porque ainda temos uma grande percentagem de pessoas que não está a trabalhar ou porque está em layoff ou porque as escolas estão fechadas (...). Temos consciência de que os problemas que existiam antes da covid existem e serão intensificados, mas não tenhamos ilusões que este [material] não vai dar resposta e só temos duas soluções que têm de ser feitas em simultâneo. Investir na infra-estrutura, nomeadamente na linha de Sintra, com duplicação entre Areeiro e Oriente. E compra de comboios novos”, sintetizou.

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Ao lado da presidente da Câmara Municipal de Matosinhos, Luísa Salgueiro, o ministro recordou ainda uma visita que fez à fábrica de Guifões em Janeiro, lembrando que esta estava vazia, ao contrário de agora, segundo disse, que “está cheia e a trabalhar a toda a força”.

“Num momento em que ouvimos grandes valores em outras empresas e passamos por dificuldades, a CP, que é uma empresa que merece muito mais do país do que aquilo que tem recebido, está a fazer um trabalho excepcional. Estamos disponíveis para ensinar outros Estados estrangeiros, mas também privados a fazer bons negócios”, disse o governante que recusou comentar assuntos à margem da visita, nomeadamente sobre a TAP.

“Tenho falado sobre TAP todos os dias. Não vou dizer nada porque o país tem de olhar para o que se está a fazer de bem em outras áreas, para a importância da ferrovia para o país. A ferrovia transporta Portugal inteiro”, concluiu.