Covid-19: Amadora-Sintra “já ultrapassou o limite da sua capacidade”, diz bastonário dos Médicos
Miguel Guimarães avisou ainda que há outros doentes, sem covid-19, a “ficar para trás”, defendendo a necessidade de se contratar mais profissionais de saúde. Hospital já teve de transferir 50 doentes.
O bastonário da Ordem dos Médicos afirmou esta terça-feira que o hospital Amadora-Sintra “já ultrapassou o limite da sua capacidade” e que teve de transferir 50 doentes com a covid-19 para outras unidades de saúde.
“A pressão no hospital é muito grande. O hospital Amadora-Sintra já é um hospital que habitualmente já tem problemas porque está dimensionado para uma população que é muito menor daquela que tem na realidade”, disse aos jornalistas Miguel Guimarães, no final de uma visita àquela unidade de saúde do distrito de Lisboa.
Segundo referiu o bastonário, neste momento no hospital Amadora-Sintra (Hospital Professor Doutor Fernando Fonseca) estão internados entre 60 a 70 doentes infectados com covid-19, dos quais oito estão em cuidados intensivos.
“Se em tempo normal este hospital já tinha muitas dificuldades, nomeadamente a nível de serviço de urgência, de internamento e a nível dos cuidados intensivos, é evidente que em tempo de pandemia esta situação se agravou”, apontou.
Miguel Guimarães alertou ainda para o facto de “muitos doentes” não covid-19 estarem a “ficar para trás” e defendeu a necessidade de serem contratados mais profissionais de saúde. “Nós precisamos de mais médicos e de enfermeiros. É uma informação que já chegou à senhora ministra e à senhora directora-geral da Saúde e é fundamental que isso aconteça rapidamente”, sublinhou.
Relativamente à transferência de doentes que tem ocorrido daquele hospital para outros, nomeadamente para o Hospital de Santarém, Miguel Guimarães considerou tratar-se de uma situação natural. “A transferência de doentes é sempre uma solução para ajudar. Os hospitais de Lisboa e da Grande Lisboa têm de se ajudar uns aos outros”, ressalvou.
O Hospital de Santarém recebeu quatro pessoas infectadas com covid-19 provenientes do Hospital Amadora-Sintra, que tem evidenciado “falta de capacidade” para admitir novos doentes, segundo revelou na segunda-feira à agência Lusa o director clínico da unidade hospitalar ribatejana.
Em Portugal, morreram 1576 pessoas das 42.141 confirmadas como infectadas, de acordo com o boletim desta terça-feira da Direcção-Geral da Saúde. Sintra foi o concelho com mais novos casos identificados (54), seguido de Lisboa (49) e Amadora (31). Sintra e Amadora somam um total de 2668 e 1697 infecções, respectivamente, desde o início do surto.