Cabo Delgado: cenário de “grande destruição” em Mocímboa da Praia

Forças moçambicanas e um grupo de atacantes envolveram-se em combates na vila de Cabo Delgado. Militares controlam a situação, mas há focos de resistência. “A situação é grave, há muita destruição e é difícil saber o que é que não foi afectado”.

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Há meses que os militares moçambicanos combate os jihadistas em Cabo Delgado ANTÓNIO SILVA/LUSA

A vila de Mocímboa da Praia, no Norte de Moçambique, apresenta um cenário de “grande destruição”, mas está sob controlo das forças governamentais, após confrontos no fim-de-semana com atacantes armados, disseram esta terça-feira à Lusa diversas fontes.

Um empresário do ramo hoteleiro com interesses em Mocímboa da Praia, província de Cabo Delgado, disse que a vila está sem electricidade, água e telecomunicações, na sequência dos confrontos entre as Forças de Defesa e Segurança (FDS) e um grupo de atacantes armados.

“A situação é grave, há muita destruição e é difícil saber o que é que não foi afectado”, afirmou.

A maioria da população continua refugiada fora da vila e há muitos desaparecidos, havendo receios de que várias pessoas possam ter morrido durante os confrontos.

Fontes militares disseram à Lusa que as FDS controlam a vila, mas há focos de atacantes nas redondezas. “Achamos que há malfeitores misturados com famílias fora da vila e por isso as buscas e perseguição continuam”, disse um militar.

Os confrontos entre as FDS e os grupos armados eclodiram na madrugada de sábado, provocando a fuga da população.

Mocímboa da Praia já tinha sido invadida e ocupada durante um dia por rebeldes em 23 de Março, numa operação depois reivindicada pelo grupo jihadista Daesh.

Os confrontos do fim-de-semana são os maiores de que há relato em Cabo Delgado desde que insurgentes ocuparam a vila de Macomia, entre 28 e 30 de Maio, e consequente confronto com as FDS.

Mocímboa da Praia é uma das principais vilas da província, situada 70 quilómetros a sul da área de construção do projecto de exploração de gás natural conduzido por várias petrolíferas internacionais e liderado pela Total.

A violência armada dos últimos dois anos e meio já terá provocado a morte de, pelo menos, 700 pessoas e uma crise humanitária que afecta cerca de 211 mil residentes.

As Nações Unidas lançaram, no início de Junho, um apelo de 35 milhões de dólares (30 milhões de euros) à comunidade internacional para um Plano de Resposta Rápida para Cabo Delgado para ser aplicado de Maio a Dezembro.