Novo medicamento acorda vestígios latentes do VIH no organismo para serem eliminados
Tratamento ainda só foi testado em ratinhos e o próximo passo são testes em primatas, antes de se poder avançar para ensaios em pessoas.
Cientistas nos Estados Unidos criaram um medicamento que é capaz de ajudar a eliminar os últimos vestígios do VIH “escondidos” no organismo humanos, activando-os sem causar uma resposta avassaladora do sistema imunitário.
O Ciapavir afigura-se como uma cura funcional para as pessoas infectadas com o VIH usando a técnica “choque e morte”, acordando o vírus latente sem estimular uma resposta imunitária que pode ser fatal e atacando-o depois com anticorpos capazes de o neutralizar ou com células imunitárias modificadas que destroem as que estão infectadas.
“Tentativas anteriores de usar a técnica “choque e morte” usavam medicamentos para outros fins adaptados e não resultaram na reactivação do VIH latente, afirmou a investigadora Rowena Johnston, vice-presidente da Fundação para a Investigação da Sida (amfAR), citado num comunicado sobre o trabalho.
Na investigação publicada esta terça-feira na revista científica Cell Reports Medicine, o Ciapavir foi dado a ratinhos infectados com VIH e o tratamento aumentou os níveis do vírus no sangue e na medula óssea, mas com uma activação imunitária muito reduzida.
A próxima fase será experimentar o Ciapavir em primatas e fazer estudos toxicológicos para garantir que o medicamento está pronto para ser testado em seres humanos. A investigação foi coordenada por Sumit Chanda, director do Programa de Imunidade e Patogénese do Instituto de Descoberta Médica Sanford Burnham Prebys, em La Jolla, Califórnia (EUA).
A terapia antirretroviral aumentou para décadas a expectativa de sobrevivência das pessoas com VIH, conseguindo-se que muitos doentes vivam tanto como a população em geral.
Mas o vírus da imunodeficiência humana consegue “esconder-se” no corpo humano e quem fica infectado nunca se consegue livrar completamente dele, precisando de tomar medicação para o resto da vida para desactivar o vírus.
Estima-se que 30% dos pacientes não cumpra a medicação de que precisa, o que faz aumentar o risco de o VIH progredir para a sida, o último grau de infecção e a resistência do vírus aos tratamentos. Sem medicação, as pessoas com sida conseguem sobreviver cerca de três anos.
Mais de 37,9 milhões de pessoas em todo o mundo estão infectadas com o VIH, de acordo com a Organização Mundial da Saúde. O vírus infecta os linfócitos T CD+4 do sistema imunitário humano, que é destruído à medida que a infecção progride, tornando as pessoas mais vulneráveis a outras infecções e doenças.