Ministro da Unificação sul-coreano demite-se devido a tensão com Coreia do Norte

Saída de Kim Yeon-chul acontece dias depois de Pyongyang ter feito explodir o gabinete de ligação com Seul.

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Kim Yeon-Chul esteve 14 meses no cargo EPA/YONHAP SOUTH KOREA OUT

O ministro da Unificação da Coreia do Sul, Kim Yeon-chul, abandonou o cargo esta sexta-feira, depois de o Presidente sul-coreano, Moon Jae-in, ter aceitado o pedido de demissão apresentado dois dias antes. 

“Espero que a minha demissão traga um clima positivo para as relações [entre Coreia do Norte e Coreia do Sul] e que seja uma oportunidade para reflectirmos sobre o estatuto e o papel do Ministério da Unificação”, disse Kim Yeon-Chul, citado pela agência Yonhap.

A saída de Kim Yeon-Chul surge numa altura de deterioração das relações entre Seul e Pyongyang. Na passada terça-feira, a Coreia do Norte fez explodir o gabinete de ligação com a Coreia do Sul, naquele que é considerado o incidente mais hostil dos últimos dois anos.

O Ministério da Unificação é responsável por melhorar as relações diplomáticas com o regime de Pyongyang. No entanto, nos 14 meses em que esteve no cargo, Kim Yeon-chul não se reuniu uma única vez com responsáveis norte-coreanos. O seu sucessor deverá ser anunciado nos próximos dias.

Quando tomou posse, em Abril de 2019, Kim Yeon-Chul tinha a difícil tarefa de reaproximar as duas Coreias, depois do falhanço da Cimeira de Hanói, entre Donald Trump e Kim Jong-un, dois meses antes. A mudança de tom de Pyongyang, que adoptou uma postura mais agressiva desde então, dificultou a tarefa.

A demissão de Kim Yeon-Chul coincide também com uma queda nas sondagens do Presidente Moon Jae-in, muito elogiado pela forma como a Coreia do Sul lidou com a covid-19.

Segundo um estudo de opinião da Gallup, citado pela Reuters, a taxa de aprovação do Presidente sul-coreano desceu para 55%, o valor mais baixo dos últimos três meses, explicado, em parte, pela deterioração da relação com a Coreia do Norte.

Tensão continua a aumentar 

Nos últimos meses, o regime de Kim Jong-un demonstrou intenção de reforçar a sua capacidade nuclear, anunciando, inclusive, estar na posse de novos mísseis.

Depois de a Coreia do Norte ter acusado o Sul de ser conivente com activistas sul-coreanos que lançaram balões com mensagens de propaganda para a fronteira entre os dois países, o regime de Pyongyang fez explodir o gabinete de ligação inaugurado em 2018, na cidade fronteiriça de Kaesong, na passada terça-feira.

Para alguns analistas, escreve o The Guardian, a estratégia de Pyongyang parece ter como objectivo demonstrar a revolta no país contra as sanções económicas impostas como retaliação ao programa balístico norte-coreano, ou até uma tentativa de desviar a atenção dos problemas económicos causados pela covid-19.

Outra das justificações apresentadas prende-se com o crescente papel que Kim Yo Jong, irmã de Kim Jong-un, que chegou mesmo a ser apontada como possível sucessora do actual líder norte-coreano quando este esteve um período de tempo sem aparecer em público, tem vindo a ganhar no regime.

Em resposta aos folhetos de propaganda que chegaram ao lado norte-coreano da fronteira na semana passada, Kim Yo Jong classificou a Coreia do Sul como inimigo e ameaçou uma acção militar contra Seul.

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