A Johnson & Johnson decidiu deixar de vender cremes para clarear a pele, anunciou, esta sexta-feira, a empresa, que tem estado sob fogo cruzado nas últimas semanas, na sequência do debate global sobre o racismo, promovido após o homicídio do norte-americano George Floyd por um agente da polícia.
Os produtos em questão, que na Índia integravam a linha Clean & Clear Fairness e noutros países a gama Neutrogena Fine Fairness, eram sobretudo populares na Ásia e no Médio Oriente.
“As conversas das últimas semanas destacaram que os nomes de alguns produtos” ou propriedades dos cremes que visam reduzir manchas “representam que o claro ou o branco seria melhor do que o tom de pele único” de cada um, referiu a Johnson & Johnson, em comunicado. “Essa nunca foi a nossa intenção — uma pele saudável é uma pele bonita.”
Os mercados parecem ter reagido bem à notícia, com as acções, que se negoceiam na Bolsa de Nova Iorque, a subirem cerca de 1%.
A empresa farmacêutica e de produtos pessoais de higiene esclareceu ainda que deixaria de produzir ou enviar esses produtos, mas que estes poderiam ainda aparecer nas prateleiras das lojas até ao esgotamento dos stocks.
Os cremes que prometem clarear a pele têm como clientes-alvo sobretudo as mulheres e são comercializados por todas as grandes empresas mundiais de cuidados pessoais, nomeadamente Unilever, Procter & Gamble ou L'Oréal, pelas suas respectivas marcas Fair & Lovely, Olay e Garnier. Mas, até agora, nenhuma destas se manifestou sobre o assunto.
Em 2019, de acordo com a Euromonitor International, foram comercializadas 6277 toneladas de cremes para clarear a pele em todo o mundo, incluindo produtos comercializados como cremes antienvelhecimento que visam minimizar as manchas escuras ou as sardas.