PCP viabiliza orçamento na generalidade e apresenta candidato a Belém em Setembro

Sentido de voto dos comunistas para a votação final global continua em aberto.

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"Enxoval que não vai com a noiva, tarde ou nunca aparece", diz Jerónimo de Sousa LUSA/ANTÓNIO COTRIM

O secretário-geral do PCP admitiu esta terça-feira viabilizar, na generalidade, o Orçamento Suplementar, que está esta semana em debate no Parlamento, mas deixou em aberto o sentido de voto para a votação final global. O comunista confirmou ainda que o partido apresentará uma candidatura presidencial própria “lá para Setembro”.

Em entrevista à TSF, Jerónimo de Sousa admitiu que, na votação na generalidade, pode “haver a consideração da viabilização da proposta” que depois “baixará à comissão” parlamentar, na qual o PCP poderá tentar “conseguir incluir” algumas das propostas dos comunistas.

Se poderá ser um voto a favor, questionou o jornalista Anselmo Crespo, o líder comunista afirmou que “não diria tanto”, admitindo que pode ser uma abstenção.

Depois, na votação final global, os três sentidos de voto “estão em aberto” e depende do texto final do Orçamento Suplementar que, na primeira versão, considerou ser “muito insuficiente”.

É insuficiente, justificou, porque “não corresponde sequer ao que foi anunciado” pelo Governo e que “atira para mais tarde” outras medidas do orçamento, apresentado para fazer face aos efeitos económicos e sociais da pandemia de covid-19.

Jerónimo de Sousa assumiu que pretende insistir em várias propostas do partido no debate na especialidade, sem esperar por medidas posteriores do executivo, e usou um aforismo popular: “Enxoval que não vai com a noiva, tarde ou nunca aparece.”

Candidato a Belém depois do Verão

Depois de ter acusado o Presidente Marcelo Rebelo de Sousa de estar a tentar criar condições para um Governo de bloco central, o comunista anunciou que o PCP lança o seu candidato a Belém “lá para Setembro”, sem comentar nomes. “Não decidimos por nós próprios, tenho naturalmente a minha opinião, mas sempre valeu mais a opinião dos meus camaradas. Encontraremos a solução que melhor serve o partido”, afirmou.

Olhando para os quase cinco anos de mandato de Marcelo Rebelo de Sousa, Jerónimo admitiu não ser possível dizer que o Presidente “não cumpriu nem fez cumprir Constituição”, mas criticou-o no plano político. Jerónimo de Sousa detecta em Marcelo um “esforço de convergência”, uma tentativa de “criar condições para o branqueamento do PSD” e tem “uma concepção talvez de bloco central como solução governativa”.

Escândalo do Novo Banco

Sobre um dos temas do momento, Jerónimo de Sousa considerou "inaceitável e um escândalo” que o Estado continue a “encharcar” o Novo Banco de milhões de euros quando há trabalhadores que “perderam tudo”. Esses portugueses que “perderam tudo” vão “questionar que se injectem milhões e milhões de euros no banco”, afirmou, responsabilizando o Estado e os governos pela situação e “poupando” a Lone Star, embora também tenha criticado o este fundo que é uma “espécie de abutre que procura apanhar os restos”, neste caso, do BES.

O secretário-geral comunista fez ainda um comentário à notícia do PÚBLICO, segundo a qual o contrato de compra pela Lone Star “previu que em “circunstâncias de extrema adversidade”, como uma pandemia, o Estado é forçado a injectar automaticamente o dinheiro necessário para manter o banco dentro das metas de solidez definidas”. Jerónimo de Sousa criticou que passe a “ser automático o encharcamento de milhões de euros numa autêntica sangria desatada, tendo em o quadro económico e social” em que o país vive.

“Estas injecções permanentes são mais chocantes na situação em que vivemos”, disse, voltando a defender a nacionalização ou “o controlo público” do banco.