Gays esperam que o Parlamento suíço vote a favor do casamento dos casais do mesmo sexo

Apesar de as uniões de facto serem legais há 13 anos, os casais esperam pela aprovação do casamento entre pessoas do mesmo sexo para poder adoptar ou recorrer à reprodução medicamente assistida.

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Laurent Marmier e Yves Bugnon preencheram os papéis para a união de facto há 13 anos. Reuters/DENIS BALIBOUSE

Quando as uniões de facto foram legalizadas na Suíça, em Janeiro de 2007, Laurent Marmier e Yves Bugnon preencheram os papéis nesse mesmo mês, tornando-os num dos primeiros casais a aproveitar a nova lei. Mas, 13 anos depois, continua à espera que a votação parlamentar, nesta quarta-feira, lhes abra as portas para finalmente casarem e gozarem de completa igualdade que os casais heterossexuais têm.

“Nós não temos os mesmos direitos, não propriamente. E é isso que nos incomoda”, diz Bugnon, professor de música em Lausanne. A Suíça está atrás de muitos países da Europa Ocidental no que toca a direitos homossexuais, mas está lentamente a fazer mudanças. Em Fevereiro, os eleitores apoiaram uma lei anti-homofóbica que dá protecção legal a lésbicas, gays e bissexuais, vítimas de discriminação.

Uma sondagem feita pela associação de direitos homossexuais Pink Cross mostrou que mais de 80% da população apoia o casamento entre pessoas do mesmo sexo. No entanto, as instituições políticas tendem a ser mais conservadoras do que o resto da população, aponta o legislador socialista Mathias Reynard à Reuters. “O povo suíço está a favor, mas tudo leva o seu tempo.”

Prevê-se que a proposta de casamento entre pessoas do mesmo sexo seja aprovada pelo Conselho Nacional, mas ainda tem de passar pelo Conselho de Estados. Depois, de acordo com o processo de democracia directa suíço, a proposta pode ser contestada através de um referendo, caso a oposição consiga reunir as 50 mil assinaturas de eleitores, necessárias, em cem dias. O Partido Popular Suíço, dominante, opõe-se à lei mas não respondeu aos pedidos para comentar sobre a possibilidade de um referendo.

O facto de o casamento homossexual ainda não ter sido legalizado não possibilita a adopção e os direitos de reprodução medicamente assistida. Marmier diz estar com esperança que a lei passe, mas acrescenta que era importante que estes problemas [de adopção ou reprodução medicamente assistida] também fossem abordados na nova lei. “Acho que é importante seguir em frente e não esperar outros 13 anos para dar o próximo passo”, conclui.