A nova luz que abraça a arte da Igreja do Loreto

Intervenção na Igreja de Loreto, em Lisboa, esteve a cargo do atelier Rebelo de Andrade. É candidata ao Prémio Nacional de Reabilitação Urbana.

João Guimarães
Fotogaleria
João Guimarães

De frente para o Largo do Chiado, a fazer esquina com a Rua da Misericórdia, está a imponente Igreja da Nossa Senhora do Loreto, um edifício que soma mais de 500 anos. Foi a comunidade italiana que vivia na zona que levantou a necessidade de ali se criar um espaço de culto, bem no coração da cidade de Lisboa. Hoje, a igreja está de "cara lavada" e a reabilitação do edifício, assinada pelo atelier Rebelo de Andrade, está na corrida ao Prémio Nacional de Reabilitação Urbana (PNRU) na categoria de melhor intervenção de Impacto Social.

O trabalho de restauro começou em 2001, com uma primeira fase dedicada à reabilitação do edifício contíguo à residência dos padres. Luís Rebelo de Andrade, arquitecto, explica ao P3 que a igreja "sofreu alguns acidentes próprios da vida de um edifício" com o terramoto de 1755 e um grande incêndio. Ao longo do tempo, também a humidade foi deixando marcas, pelo que a reabilitação da cobertura foi o segundo grande passo: "A principal doença que mata os edifícios é a água. Havia muitos estuques e pinturas que se estavam a degradar."

Depois de reabilitada a estrutura, passou-se para a terceira fase: o interior da igreja. Luís Rebelo de Andrade afirma que a iluminação foi o maior desafio, dados alguns "problemas estruturais" que dificultaram o processo. Para além disto, a filosofia por detrás do novo esquema de iluminação segue o princípio contrário ao que costuma ser feito: "Decidimos ter uma iluminação que se foca muito mais nas obras de arte do que propriamente na arquitectura da igreja, como se faz normalmente."

Assim, de forma a enfatizar as pinturas do tecto e os vãos laterais da Igreja do Loreto, surgiu "a grande nota de intervenção" que destaca este trabalho: foi criado um anel de iluminação, suspenso no tecto, que "projecta a luz de forma pensada para todas as obras de arte da igreja". Como um halo gigante que abraça as pinturas, cobertas de tons rosa, azul e dourados, o círculo de luz "muda substancialmente a imagem que temos da igreja".

O consumo de electricidade de forma inteligente e sustentável foi também uma preocupação do novo projecto, que acabou por seguir dois princípios fundamentais: a instalação de tecnologia LED, que permite uma maior poupança, e "um programa de gestão da igreja com vários cenários" para a utilização da luz em quatro modos diferentes: celebração, visita, limpeza e repouso. "Hoje, as igrejas são iluminadas de forma mais inteligente", conclui o arquitecto.

João Guimarães
João Guimarães
João Guimarães
João Guimarães
João Guimarães
João Guimarães
João Guimarães
João Guimarães
João Guimarães
João Guimarães
João Guimarães
João Guimarães
João Guimarães
João Guimarães
João Guimarães
João Guimarães
João Guimarães
João Guimarães