Reino Unido negoceia milhões de testes serológicos e diz que são “mudança decisiva”
Os testes permitem ver se uma pessoa já esteve em contacto com o novo coronavírus. A agência de saúde pública do Reino Unido aprovou os testes da Roche, seguindo o exemplo da União Europeia e dos Estados Unidos.
A agência de saúde pública do Reino Unido aprovou, esta quinta-feira, a compra de testes serológicos à empresa farmacêutica suíça Roche para o novo coronavírus, considerando que são um “desenvolvimento muito positivo”. À semelhança dos Estados Unidos e da União Europeia, o Reino Unido vai assim fechar acordo com a empresa suíça.
Os testes serológicos permitem ver se uma pessoa já teve contacto com o novo coronavírus, detectando a presença de anticorpos contra o vírus produzidos pelo nosso sistema imunitário. O jornal britânico Telegraph noticiou que o Governo britânico já estará a negociar a compra de milhões de kits.
Edward Argar, ministro da Saúde britânico, apontou, citado pela agência Reuters, que os testes “têm o potencial para ser uma mudança decisiva” na abordagem à imunidade de grupo. O governo, confirmou Argar, está “a trabalhar o mais rápido que consegue para negociar com a Roche a compra destes [testes], mas não posso dar uma data para quando começarão a ser distribuídos”.
Também John Newton, coordenador do programa de testes no Reino Unido, considerou que os testes são “um desenvolvimento muito positivo” e que “testes serológicos com tanta especificidade são muito fiáveis para registar infecções passadas”, evitando assim resultados falsos positivos (que poderiam dar uma falsa sensação de protecção).
Rumo à imunidade de grupo
Em França, foram feitos exames retrospectivos e foi detectado coronavírus num doente de pneumonia que esteve internado em Dezembro. A Organização Mundial da Saúde tem pedido aos governos para testar doentes de pneumonias anteriores à confirmação do primeiro caso. Assim, seria possível ter uma melhor ideia quanto à real propagação do vírus.
Os testes da Roche, com sede em Basileia, recebeu uma avaliação de conformidade por parte da União Europeia a 28 de Abril e, por parte da FDA (a agência que regula os medicamentos nos Estados Unidos), a 2 de Maio. Desde então, a produção da empresa aumentou em mais de uma dezena de milhões de testes por mês, distribuindo-os para vários países.
Até agora, os cientistas no Reino Unido têm-se mantido cépticos quanto aos testes serológicos. No entanto, não existem certezas se a existência de anticorpos contra o coronavírus signifique a existência de imunidade contra a doença e, a existir, se ela dura muito tempo.
Os testes serológicos permitem identificar a existência de anticorpos do vírus SARS-CoV-2 – o vírus que provoca a doença da covid-19 – no sangue de uma pessoa. Caso existam esses anticorpos, pode-se concluir que a pessoa esteve (ou ainda está) infectada, apesar de não se saber ainda se a existência destes anticorpos garante uma protecção contra a covid-19.
Segundo a Roche, os seus testes serológicos têm uma especificidade de 99,8% e conseguem ter resultados em 18 minutos. “Este nível de precisão é muito importante porque há um número de vírus com anticorpos semelhantes à covid-19, como a constipação comum, e que podem produzir resultados positivos em testes com menos precisão”, salienta Christoph Franz, o presidente da empresa.