Bruxelas admite queda de 33% no número de novos projectos de renováveis

Crise do novo coronavírus minou a confiança dos investidores, diz comissária europeia da Energia, que promete pacote de medidas sobre eólicas offshore para depois do Verão.

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Kadri Simson tem a pasta da Energia na Comissão Europeia Francois Walschaerts

A incerteza gerada pelos efeitos recessivos do novo coronavírus vai pôr este ano um travão ao desenvolvimento de novos projectos de renováveis na Europa.

“As previsões que temos estado a ver apontam para uma descida de até 33% dos novos projectos de renováveis este ano” e o mercado para a tecnologia solar fotovoltaica “decresceu significativamente”, reconheceu a comissária Europeia da Energia, Kadri Simson, numa conferência realizada esta semana, por videoconferência, sobre o papel da indústria na implementação do Pacto Ecológico Europeu (conhecido como o Green Deal).

“Embora [os projectos] sejam atractivos para os investidores no longo prazo, temos de reforçar a sua confiança para estimular o aparecimento de novos investimentos” nesta área, admitiu. Disse ainda que tem estado a conversar com a indústria e que sabe que algumas das grandes preocupações neste momento têm a ver com a quebra de encomendas e a disrupção das cadeias de fornecedores.

Kadri Simson sublinhou que as energias renováveis têm “um papel chave” nos planos da recuperação económica europeia, e é preciso evitar a todo o custo que a covid-19 ponha em causa uma indústria que “é uma história de sucesso” para a Europa.

Os projectos “já são competitivos em termos de preços e garantem, no mínimo, o dobro dos empregos que aqueles em sectores ligados aos combustíveis fósseis”, sublinhou.

“Se queremos atingir as nossas metas de 2050, temos de aumentar a contribuição da eólica na próxima década”, afirmou a comissária europeia, prometendo a apresentação, depois do Verão, de uma Estratégia para a Energia Eólica Offshore.

“Dessa forma, a nossa visão sobre como dar escala a este sector até 2050 poderá ser executada”, disse. Assim, a Comissão também estará a dar “sinais fortes à indústria de que as renováveis não são apenas uma parte do mix energético, mas indispensáveis” para fazer a transição para a neutralidade carbónica, acrescentou.

Desbloquear o potencial dos telhados

Simson assegurou que Bruxelas vai manter as renováveis “no centro do plano de recuperação económica” que será apresentado ainda este mês. Além dos grandes investimentos em parques eólicos no mar, a Comissão também quer incentivar os pequenos projectos que empreguem muita mão-de-obra, como a produção solar descentralizada.

A energia fotovoltaica pode servir os consumidores, mas também garantir que “os edifícios se transformam nos produtores de energia de amanhã, ou no ponto de carregamento do futuro”, afirmou a comissária.

Além de ser este o tempo de “desbloquear o potencial” dos telhados europeus, a comissária também quer que a renovação dos edifícios seja uma realidade em todos os Estados-membros, gerando muitos empregos e resultando em casas, escolas e hospitais mais eficientes em termos de consumos energéticos, “mais saudáveis” e com facturas de energia “mais baixas”.

Kadri Simson prometeu apresentar em Setembro um plano de medidas para estimular esta “onda de renovação” de edifícios na União Europeia.

A comissária falou ainda da importância da integração dos sistemas energéticos de electricidade e gás natural, necessária para aumentar a penetração das renováveis através da electrificação dos consumos e para combinar as renováveis e os gases de baixo carbono na descarbonização de sectores como os transportes de mercadorias e passageiros ou a indústria.

É neste contexto que surge o hidrogénio, que “tem potencial de mudar o jogo”, mas que neste momento é quase exclusivamente utilizado na indústria química, sublinhou a comissária.

“O hidrogénio vai ser uma peça central da Estratégia para a Integração de Sistemas Energéticos que vamos lançar em Junho”, sublinhou Simson.

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