Agora que o país vai, aos poucos, regressar à normalidade, a partir desta segunda-feira, como será quando formos às lojas? Podemos tocar e experimentar as roupas que vamos comprar? Podemos folhear os livros numa livraria? Como combater o medo de ser contaminado?
A Direcção-Geral da Saúde (DGS) aconselha a não pagar em dinheiro e a usar lenços de papel para cobrir os dedos quando toca em algum objecto. Use ainda mangas compridas e cabelo apanhado. E não se esqueça da máscara de protecção comunitária nos transportes e serviços públicos, escolas e lojas. O respeito pelo distanciamento social e a etiqueta respiratória é para manter.
Cinco cuidados a ter:
1. Andar de máscara, cuidado para não tocar em nada e logo a seguir mexer na cara
Todos os cuidados são poucos com o uso de máscara de protecção comunitária. Se tocar em alguma coisa, nada de pôr as mãos na cara depois. Se optar pela máscara de tecido, a social, tem de fazer manutenção e higiene. Deve ser lavada na máquina de lavar a roupa, utilizando o detergente habitual e uma temperatura de 60ºC. Também pode optar pelas máscaras cirúrgicas ou de respiradores N95 ou FFP2 de uso único.
2. Manter o distanciamento nos transportes públicos
Evite as aglomerações e viajar nos transportes públicos em horas de ponta, privilegiando o horário entre as 10h e as 17h. Mas use sempre máscara de protecção. Pode comprar máscaras, álcool gel e luvas descartáveis nalgumas máquinas de vendas existentes nas estações do Metropolitano de Lisboa e do Metro do Porto. Nas estações de maior procura da rede do metro, como medida de prevenção adicional, estarão instalados dispensadores de álcool gel para higienização das mãos.
Os transportes públicos passam a ter lotação limitada a 2/3 do máximo da sua capacidade e promovem o distanciamento social, reforço da higienização e limpeza de todos os espaços e superfícies de toque. “Não ultrapasse as outras pessoas nas escadas, ocupe toda a largura nas escadas rolantes. Os elevadores das estações devem ser utilizados apenas por uma pessoa de cada vez”, recomenda o Metro do Porto.
Na Área Metropolitana de Lisboa, haverá controlo da lotação nas estações críticas. Só pode carregar os títulos mensais a partir do dia 26 para para evitar “formação de filas ou concentração em locais de venda” e minimizar “os contactos pessoais directos”. Será feita a reabertura faseada de espaços de atendimento: Espaços Navegante, Espaço Cliente e Postos de Venda.
3. Manter segurança no local de trabalho
Deve desinfectar as mãos, usar máscara e ter o máximo cuidado ao ir à casa de banho. Use lenços de papel para cobrir os dedos quando toca em algum objecto.
A Honnus, uma empresa de peritagem médica online, desenvolveu o e-book Apoio Médico-laboral a Empresas em Covid-19 para “contribuir para a manutenção da actividade das empresas através da redução das situações de contágio em ambiente laboral e prevenir problemas legais”, lê-se no documento que resulta de um inquérito feito, entre 7 e 28 de Abril, a 335 entidades públicas e privadas. “Os primeiros resultados revelam um elevado grau de insegurança e dúvida dos gestores em diversos temas”, explica a médica legista Ana Rita Pereira, da Honnus.
Por exemplo, os trabalhadores devem ser informados da localização da área de isolamento, dos procedimentos a aplicar se surgir um caso suspeito e de como melhor garantir o espaçamento de segurança. “Mas cada empresa carece de uma avaliação personalizada e da elaboração de um plano de contingência adequado e operacional”, sustenta, sugerindo a criação de equipas de trabalho estanques, a definição da distância de segurança entre colaboradores e o aumento da frequência de desinfecção dos espaços.
4. Cuidados a ter na ida às compras
Nas compras todos os cuidados são poucos. Se quiser comprar roupa, por exemplo, nas oito lojas Salsa de rua que vão abrir na próxima segunda-feira, em todo o país, os clientes vão ter de desinfectar as mãos à entrada da loja e poderão continuar a fazê-lo no interior, onde haverá gel disponível. Os colaboradores usam máscara, luvas e desinfectam todos os equipamentos necessários à compra a cada transacção. Estas lojas foram adaptadas para exporem menos produtos, menos mobiliário de modo a haver mais espaço de circulação e, na hora de experimentar a roupa, os provadores terão uso condicionado. As peças experimentadas e não compradas, assim como as devolvidas, vão ficar em quarentena, durante 48 horas, informa a Salsa em comunicado.
Também a marca portuguesa de acessórios Parfois abre as lojas de rua, um pouco por todo o país. Numa fase inicial, os clientes não podem experimentar os artigos e, em caso de devolução, os produtos ficarão em isolamento e desinfecção durante 72 horas, diz a marca ao PÚBLICO.
Já algumas livrarias vão reabrir ao público, como a Buchholz e Leya no Rossio, ambas em Lisboa; Pretexto, em Viseu; Latina, no Porto; e Leya no Funchal, pelas 10h desta segunda-feira. Estes espaços terão uma lotação limitada a cinco pessoas por 100 metros quadrados. O uso de máscara será obrigatório para clientes e funcionários — estes últimos também usam viseira e luvas. Os clientes têm gel à entrada das livrarias para desinfecção das mãos. Todas as lojas fecham à hora do almoço para desinfecção das instalações, reabrindo de tarde.
A livraria Lello, também no Porto, que atrai, diariamente, centenas de turistas, ainda não tem data prevista para a reabertura. “Estamos a preparar com a câmara do Porto”, adianta o gabinete de comunicação, realçando ainda a iniciativa que teve “durante o mês de Abril, de oferta de centenas de livros”, como Mensagem, de Fernando Pessoa. A iniciativa decorreu no âmbito do “primeiro drive- through livreiro do mundo e exigiu um grande esforço financeiro”, informa, sem contudo, adiantar quanto.
Na ida ao hipermercado, por exemplo ao Continente (do mesmo grupo que o PÚBLICO), o plano de contingência mantém-se: as entradas são limitadas a quatro clientes por cada 100 m2 e há marcas para garantir distâncias de segurança. O uso de máscara é obrigatório. Os carrinhos de compras são desinfectados e são disponibilizados aos clientes doseadores com gel de higiene.
Também a ida ao cabeleireiro deve ser feita com cautela, com marcação prévia e o espaço deve ter um número limitado de pessoas. Profissionais e clientes terão de usar máscara e os cabeleireiros devem utilizar, de preferência, materiais descartáveis.
5. O que fazer no regresso a casa?
Comece por deixar tudo à porta: o calçado, as chaves e a carteira dentro de uma caixa junto à entrada, aconselha a DGS. Não toque em nada antes de lavar as mãos. Limpe o telemóvel com toalhitas humedecidas em álcool ou as usadas para bebés. De preferência, tome banho ou lave as partes expostas. Coloque a roupa, que usou na rua, dentro de um saco e lave. Se passeou o cão, limpe-lhe as patas antes de entrar em casa. Desinfecte as compras feitas.