Queijeira do Alentejo doa 2647 queijos a pessoal médico que luta contra a covid-19
O Curry Cabral, de Lisboa, o Hospital de Évora e o de S. João, no Porto, vão receber um agradecimento em forma de queijos artesanais.
“Descobri que as pessoas são muito generosas”. “O melhor de tudo foi ter conseguido salvar famílias e postos de trabalho. Dei o que tinha — e recebi imenso de volta”. É com estas palavras que a queijeira Joana Garcia da Queijaria Monte da Vinha, no Vimieiro (Arraiolos, Alentejo), anuncia a oferta de nada mais, nada menos, que 2647 queijos meia cura. Todos, para o pessoal médico de três hospitais que decidiu homenagear, em Lisboa, Évora e Porto.
Os queijos, garante a produtora, serão entregues “esta semana” às equipas do Curry Cabral, do Hospital de Évora e do Hospital de S. João.
Em termos de valor de mercado, segundo a Queijaria Monte da Vinha, a oferta rondará os 4000 euros.
É a forma que escolhe, dentro da sua arte, para “homenagear estes profissionais” e “fazer a sua parte na sociedade”.
Não é a primeira oferta da queijeira em tempos de pandemia e sob o mesmo mote: no início do mês, adiantava-se em comunicado, foram mil queijos para a Associação Crescer e para o É um Restaurante — um projecto solidário que abriu para formar e dar trabalho a ex-sem-abrigo em Lisboa e que, entretanto, se reinventou para cozinhar para a população mais vulnerável da cidade.
Os mil queijos oferecidos estavam inicialmente previstos para outros voos e outras vidas: deveriam ter seguido para a classe Executiva da TAP, que actualmente tem praticamente todos os aviões em terra.
Em termos de escoamento do stock que tinha para venda, Joana Garcia não se queixa: recebeu muitos apoios em termos de compra directa e vendeu mais de 11 mil queijos “em caixas de cinco” e, “por cada caixa vendida, atribui um” às causas solidárias.
E o queijo desta ex-advogada que decidiu mudar de vida, e que antes de ter sucesso entrou quase em pré-falência, até já é célebre mundialmente: em Outubro, um amanteigado Monte da Vinha conquistou uma medalha de ouro, por sinal numa competição em Bérgamo, uma das regiões críticas em Itália, um dos países mais afectados pelo surto de covid-19.