Sindicato avança que Belenenses SAD é o primeiro clube a recorrer ao layoff

Num comunicado, o Sindicato dos Jogadores Profissionais de Futebol condena “uma atitude egoísta” que “lesa todos os portugueses”.

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LUSA/MÁRIO CRUZ

O Sindicato dos Jogadores Profissionais de Futebol (SJPF) emitiu, nesta segunda-feira, um comunicado onde avança que o Belenenses SAD é o primeiro clube em Portugal a recorrer ao layoff. Na nota, o organismo presidido por Joaquim Evangelista lamenta uma medida tomada à “revelia da negociação colectiva”, condenando ainda uma “falta de respeito para com os profissionais de futebol” e “uma atitude egoísta que lesa todos os portugueses”.

Pouco depois do anúncio do SJPF, a Belenenses SAD emitiu uma nota onde confirma que “a exemplo do que aconteceu com muitas empresas em Portugal e clubes de futebol europeus, a Belenenses SAD entrou parcialmente em layoff”.

“Os apoios públicos para empresas e trabalhadores por causa da pandemia do coronavírus têm em vista a salvaguarda dos postos de trabalho e do tecido empresarial, e foram criados para serem usados. O layoff permite que os trabalhadores da Belenenses SAD beneficiem desses apoios. Quando as entidades públicas permitirem, o futebol regressará, e a Belenenses SAD regressará também”, pode ler-se ainda no anúncio feito pelo clube de Lisboa.

Comunicado do SJPF:

“Clubes podem e devem adoptar medidas que não envergonhem o futebol.

O Sindicato dos Jogadores tem mantido nas últimas semanas um diálogo permanente com a Liga, no sentido de encontrar uma solução de compromisso que salvaguarde os direitos dos jogadores e garanta a sustentabilidade financeira do sector.

Infelizmente, alguns clubes organizados à revelia desta negociação colectiva decidiram, unilateralmente, avançar para o layoff. Na Primeira Liga, a “Os Belenenses – Sociedade Desportiva de Futebol SAD” foi o primeiro e, domingo à noite, interpelou os seus jogadores, dando-lhes conhecimento deste expediente.

O fundamento invocado para recorrer ao lay-off nem sequer foi a quebra de receitas, mas antes o encerramento total ou parcial da empresa, furtando-se deste modo à prestação de contas.

O Sindicato dos Jogadores condena, além desta falta de respeito para com os profissionais de futebol, uma atitude egoísta que lesa todos os portugueses, porquanto se pretende, requerer os cortes salariais e os apoios da Segurança Social, à semelhança da esmagadora maioria das empresas portuguesas em agonia. É manifestamente um abuso de direito, uma atitude oportunista dos clubes de futebol ao colocarem-se nesta posição.

Numa altura em que se sabe que as operadoras televisivas cumpriram as obrigações respeitantes ao mês de Março, em que o governo do futebol está a fazer um esforço para encontrar soluções e os jogadores mostraram disponibilidade para uma negociação séria, é escandaloso que alguns clubes procurem recorrer aos apoios estatais desta forma, passando para a sociedade portuguesa a mensagem de que, em tempos de crise, não só não conseguem resolver os problemas que os afectam, como ainda vão exigir fundos que deveriam estar disponíveis de forma imediata, para os portugueses e respectivos sectores de actividade em risco de colapso. Tais clubes decidem não prestar contas aos seus trabalhadores e ao país.

Finalmente, não se compreende que os clubes sejam rápidos a exigir cortes a jogadores e funcionários e não se incomodem com a atitude das operadoras, que beneficiam escandalosamente deste negócio há anos, e no momento de maior necessidade, nos abandonaram.

Aliás, a notificação que as operadoras enviaram aos clubes, sem apelo nem agravo, das duas, uma: ou é atentatória e merecia uma resposta conjunta de todos os clubes, ou é conveniente, na medida em que permite justificar muitos comportamentos irresponsáveis.

O Sindicato dos Jogadores reagirá a esta actuação dos clubes e não deixará de convocar todas as entidades públicas e órgãos de governo do futebol, para a necessidade de pôr termo a uma actuação que lesa os jogadores, mas sobretudo os contribuintes e o país.

O futebol tem capacidade de dar resposta a este problema, o futebol profissional pode e deve comportar-se de outra forma. Felizmente, há muitos clubes que nas mesmas circunstâncias adoptaram uma atitude diferente, partilhada e na justa medida. A esses fica o reconhecimento e a disponibilidade dos jogadores para ultrapassar esta crise.”

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