Coronavírus
Porque a covid-19 não é uma “gripezinha”, as ruas e praias do Rio de Janeiro esvaziam-se
Já são mais de quatro mil os casos de coronavírus e mais de 140 as mortes provocadas pela covid-19 no Brasil. À semelhança do que acontece noutros países — e contrariamente ao que tem sido defendido por Jair Bolsonaro — o país tem saído das ruas para se isolar em casa.
A população parece não concordar que o vírus seja "uma gripezinha", como o presidente brasileiro lhe chamou. Uma sondagem da Datafolha mostra que mais de 70% dos inquiridos receiam contrair o vírus, contra apenas 26% que dizem nada temer. A mesma sondagem mostra que 95% defendem medidas de restrição de movimentos e de distanciamento social — as ruas, praias e estradas vazias, captadas pela Reuters no Rio de Janeiro, comprovam-no.
Na quinta-feira, 26 de Março, Jair Bolsonaro voltou a relativizar o surto de coronavírus, afirmando que a situação no Brasil não deverá chegar aos números dos Estados Unidos. A justificação: "O brasileiro tem que ser estudado. Ele não pega nada." No mesmo dia, o Presidente brasileiro voltou a criticar o isolamento social e o encerramento do comércio decretado em alguns estados do país, através de um directo no Facebook. “Essa neurose de fechar tudo não está a dar certo. Para combater o vírus, estão a matar o paciente. Sem dinheiro, você morre de fome, tem depressão, suicídio, vem a violência. Quanto maior o desemprego, maior a violência”, referiu.
E se antes Bolsonaro parecia estar a dar passos para a resolução da epidemia — marcou reuniões com os governadores do país e anunciou um pacote de 88 milhões de reais (16 mil milhões de euros) para apoiar os estados — rapidamente voltou a recuar. Na passada terça-feira, 24 de Março, pediu o regresso à "normalidade" e o fim das restrições que estavam em curso em alguns estados. Enquanto o presidente falava, os brasileiros saíram às janelas e varandas a bater em panelas — uma das formas de protesto que a população tem levado a cabo todos os dias. Porque ficar em casa pode ser outra.