Quer informação sobre o vírus? Evite informação viral
Um inquérito nos EUA mostra que quem se informa sobretudo pelas redes sociais sai quase sempre a perder. O melhor é escolher uma fonte segura.
Incontáveis estudos têm vindo a demonstrar que as redes sociais, especialmente se usadas de forma acrítica, não são a melhor fonte de informação, seja sobre que tema for. Uma nova análise ao consumo de notícias, feita nos EUA, veio indicar que, também para o caso do coronavírus, aquilo que circula por plataformas como o Facebook e o Twitter pode distorcer factos e, no limite, levar a comportamentos perigosos.
O Pew Research Center, um conhecido think tank americano, fez um inquérito que, entre outros factores, dá indicações sobre o grau de informação, bem como a percepção sobre as notícias, entre consumidores que usam sobretudo as redes sociais para se informar (o que pode significar uma mistura de fontes fiáveis de informação e conteúdo duvidoso) e os que obtêm informação maioritariamente por órgãos de comunicação tradicionais.
As discrepâncias surgem logo na percepção sobre o trabalho dos jornalistas. Os que consomem informação sobretudo nas redes sociais são aqueles que parecem confiar menos nos media: 30% dos consumidores de informação via redes sociais disseram que a cobertura noticiosa não era muito boa, quase o dobro da média de 17% registada entre todos os inquiridos.
Avaliar o grau de informação de cada um dos tipos de consumidor de notícia pode ser uma tarefa mais complicada. Mas uma das perguntas do inquérito dá uma pista. Entre os consumidores de informação em redes sociais, 43% afirmaram esperar uma vacina para a covid-19 no prazo de um ano a um ano e meio, um intervalo de tempo que está em linha com o que tem sido avançado por vários investigadores e autoridades. Este número fica aquém dos 49% que são a média e muito abaixo dos 77% observados entre os leitores do The New York Times, um dos mais respeitados jornais a nível mundial.
A questão sobre a origem do coronavírus também indica maior desconhecimento ou desinformação entre os consumidores das redes sociais: 35% disseram que o vírus foi criado num laboratório e 1% disse que o vírus, na verdade, nem sequer existia — duas afirmações que reflectem teorias conspirativas que circulam online.
Parece, no entanto, haver alguma desconfiança saudável: 87% dos que se informam nas redes sociais afirmaram terem visto pelo menos algumas notícias que pareciam ser completamente inventadas e um quarto reconheceu que as fontes de informação que consultavam não estavam a fazer um bom trabalho.
O tipo de informação consumida pode condicionar comportamentos, um factor significativo no caso de uma pandemia cuja contenção depende, em boa parte, do distanciamento social e outras precauções que cada pessoa consiga levar a cabo. Como em muitos outros temas, o melhor é ir a uma fonte credível. Entre muitas outras opções, há uma página da Organização Mundial de Saúde que desmonta os mitos comuns sobre o vírus. Merece mais atenção do que uma qualquer teoria da conspiração a circular no Facebook.