Coronavírus
Sozinhos em cidades paralisadas por uma pandemia
Na época em que vivemos, é quase impensável alguém encontrar-se sozinho num espaço público aberto. Mesmo nas horas mais calmas da madrugada, as grandes cidades permanecem envoltas numa azáfama de movimento. O surto de covid-19 conseguiu algo inédito na história: deixar os principais monumentos, avenidas e praças pelo mundo fora entregues ao ar e ao vento. Os poucos que se aventuram pelas ruas e desafiam os bloqueios por alguns segundos de liberdade dão por si sozinhos em espaços que apenas há algumas semanas eram frequentados por milhares de pessoas diariamente. Os fotógrafos da Reuters têm registado estes momentos fugazes, que aparentam tratar-se de frames retirados de filmes distópicos.
Até às duas da manhã desta quarta-feira, 25 de Março, foram registados 420.997 infectados — o que significa mais 43.556 doentes desde o dia anterior. Já quase 19 mil pessoas morreram às mãos do vírus SARS-CoV-2. A agência France-Presse estima que um terço da população mundial — cerca de 2,6 mil millhões — esteja actualmente em isolamento, resultando em cidades praticamente paradas.
Entretanto, os Jogos Olímpicos de Tóquio foram adiados para 2021. As Olimpíadas já sobreviveram a ataques terroristas, boicotes e, até, a outras epidemias, mas nunca tinham deixado de se realizar em tempos de paz. 2020 entra para a história como o primeiro caso de adiamento da competição desportiva, juntando-se aos cancelamentos de 1916, 1940 e 1944, anos de guerras mundiais.
Em Portugal, estão confirmados 2995 casos e 43 mortes. A Organização Mundial da Saúde disse, esta segunda-feira, 23 de Março, que a pandemia estava a “acelerar”. Sendo agora a Europa o epicentro da doença, os Estados Unidos correm o risco de se tornarem no novo epicentro ao longo das próximas semanas, dada a “disseminação muito rápida de casos”.