Vaga de motins prisionais em Itália por causa do coronavírus
Restrições às visitas de familiares geraram protestos em todo o país. Seis prisioneiros morreram e dezenas conseguiram fugir.
Itália está a viver uma vaga de motins que afectou já 27 prisões, motivada pela epidemia do coronavírus e das restrições impostas no contacto entre os prisioneiros e familiares, numa tentativa de evitar novos contágios. Na prisão de Modena houve seis mortes, e houve fugas em vários estabelecimentos prisionais.
Na prisão de Modena, na região da Emília-Romanha, no domingo, cerca de 80 presos revoltaram-se, durante a transferência de um grupo de prisioneiros, e assaltaram a enfermaria da prisão. Cinco dos mortos poderão ter sido vítimas de abuso de medicamentos, nomeadamente metadona, diz o jornal La Stampa. Além das mortes, há ainda 18 pessoas internadas em resultado desta revolta.
Mas os protestos e motins de presos alastraram a todo o país – até mesmo ao Sul, que tem estado livre de coronavírus. A prisão de Ucciardone, em Palermo, foi palco de uma tentativa de evasão no domingo. Nesta segunda-feira cerca de 50 prisioneiros conseguiram fugir do estabelecimento prisional de Foggia, na região da Apulia, também no Sul. Está a haver uma caça ao homem para os conseguir apanhar. “Alguns raptaram um mecânico numa oficina, que foi agredido e ameaçado. Roubaram automóveis e ferramentas que podem usar como objectos contundentes”, disse à televisão italiana RAI o sindicato de polícia.
Em Matera, igualmente no Sul, uma dezena de presos recusaram-se a entrar nas celas, sempre em protesto contra as restrições às visitas de familiares. Pedem indulto, ou amnistia para todos, como dizem as faixas que, em alguns casos, conseguiram fazer.
No estabelecimento prisional de San Vittore, no centro de Milão, um edifício histórico e sobrelotado, um grupo de prisioneiros conseguiu chegar ao telhado e gritar “liberdade”. Eram detidos que seguiam um programa de desintoxicação, pois estavam numa parte da prisão conhecida como “A Nave”, diz a RAI.
Em Roma, na prisão de Rebibbia, alguns presos incendiaram colchões e, no exterior, uma vintena de familiares fizeram um protesto. Em Prato, na Toscana, foram incendiadas as próprias celas. Em Turim, prisioneiros barricaram-se em várias secções da prisão.
Não é de admirar que a situação fuja ao controlo nas prisões quando há uma doença infecciosa nova, embora não deixe de ser preocupante. Na semana passada, o Irão anunciou que libertaria “temporariamente” 70 mil prisioneiros condenados a penas inferiores a cinco anos que tinham dado dado negativo em análises ao novo coronavírus, para tentar travar a infecção nas prisões.
Esta notícia surgiu depois de ser público que a trabalhadora humanitária iraniana-britânica Nazanin Zaghari-Ratcliffe, que Teerão acusa de espionagem, terá contraído o coronavírus na prisão de Evin.
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