Marco Paulo com cancro da mama: “Nunca me passou pela cabeça que pudesse acontecer aos homens”

Em entrevista ao Jornal da Uma, da TVI, o cantor romântico falou da doença, deixou um alerta aos homens para estarem atentos e afiançou que pretende manter o concerto de Março, no Porto.

“É mais uma luta que tenho de travar — que muita gente trava”
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“É mais uma luta que tenho de travar — que muita gente trava” EDGAR RAPHAEL/Arquivo
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É um cancro tipicamente associado à mulher, mas cada vez mais alerta-se para que também os homens estejam atentos aos sinais do cancro da mama, cujo diagnóstico precoce aumenta as probabilidades de sobrevivência.

Esse foi também o recado de Marco Paulo, que se apresentou, esta terça-feira, ao Jornal da Uma, na TVI, para falar de uma doença que só na segunda-feira se tornou pública — “não vou disfarçado [à CUF Descobertas]”, mas ainda não tinha dito nada porque queria evitar o sofrimento aos fãs, uma ideia que o obrigou a comprometer-se com “um esforçozinho para não chorar” em directo.

O cantor, que já se submeteu a uma cirurgia, durante a qual lhe foi retirado o tecido mamário da mama direita e os gânglios linfáticos da respectiva axila, e que tem pela frente um conjunto de “cinco ou seis sessões de quimioterapia”, explica que a ideia de poder sofrer de um cancro da mama não lhe parecia possível: “Nunca me passou pela cabeça que [o cancro da mama] pudesse acontecer aos homens...”

Por isso, quando começou a sentir um caroço sob o mamilo direito, desvalorizou a descoberta. Foi numa consulta de rotina, “para tratar um problema simples, que foi retirar um sinal”, que uma amiga que o acompanhava pediu à médica que avaliasse o tal caroço. E, logo no primeiro exame, foi decidido “que tinha de tirar o peito”. Agora, o cantor, nascido em Mourão em 1945, deixa o alerta: “Os homens que tomem cuidado, cautela; porque este não é um problema só de senhoras”.

“É mais uma luta que tenho de travar — que muita gente trava”, conclui, ressalvando que vai “continuar a sorrir para a vida” e, se as condições o permitirem, manter o concerto de 21 de Março, no Super Bock Arena — Pavilhão Rosa Mota, no Porto.

Menos casos masculinos, maior taxa de mortalidade

Em Portugal, em 2017, segundo o Instituto Nacional de Estatística, registaram-se 1798 mortes na sequência de tumor maligno da mama. Ou seja, morreram, em média, cinco pessoas por dia, sendo que os homens representaram 1,7% dos óbitos. Também nos cerca de seis mil novos casos de cancro da mama diagnosticados, anualmente, de acordo com a Liga Portuguesa Contra o Cancro, a maioria diz respeito a mulheres.

No entanto, por ser considerado um cancro raro entre os homens (em termos globais, apenas 1% dos casos diagnosticados de cancro da mama são masculinos), a probabilidade de o tumor ser identificado numa fase avançada aumenta, prejudicando a taxa de sucesso dos tratamentos.

Ou seja, segundo a Breastcancer.org, organização não-governamental fundada em 2000 pela oncologista norte-americana Marisa C. Weiss, ao longo deste ano cerca de 2620 homens deverão ser diagnosticados com cancro da mama nos EUA e a estatística mostra que é expectável que 520 homens morram na sequência da doença — cerca de 20%. No mesmo país, a taxa de mortalidade entre as mulheres anda em torno dos 13%. Em números absolutos, porém, a realidade feminina é chocante: mais de 325 mil casos anuais e cerca de 42 mil óbitos.

O cancro da mama masculino é mais comum em homens mais velhos, com mais de 60 anos, e o tratamento envolve, habitualmente, cirurgia para remover o tecido mamário. A quimioterapia e a radioterapia podem ser recomendadas com base na situação específica.

Aos 75 anos, que celebrou em Janeiro, Marco Paulo soma 55 de carreira, durante os quais vendeu mais de cinco milhões de discos, somando troféus de prata, ouro e platina (e até um de diamante). Entre os seus maiores sucessos estão canções como Ninguém ninguém, Eu tenho dois amores, Joana ou Sempre que brilha o sol.

Em 1996, foi diagnosticado com um cancro do cólon, tendo sido operado em Junho desse ano e, posteriormente, submetido a sessões de quimioterapia. Em 1997, totalmente recuperado, lançou Reencontro e foi recebido em apoteose no Coliseu do Porto, segundo relatou a imprensa na época.

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