Alcançado acordo entre os taliban e os EUA com vista a um tratado de paz no Afeganistão

As negociações com o Governo afegão terão início após a assinatura de um documento, em Doha, nos próximos dias. Texto prevê a retirada gradual das tropas americanas.

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Mulheres do exército afegão JALIL REZAYEE/EPA

Os taliban anunciaram nesta segunda-feira que chegaram a um acordo com os Estados Unidos que permitirá a assinatura de um tratado que porá fim a duas décadas de conflito no Afeganistão. O grupo diz que este acordo inclui a possibilidade de negociações directas entre os afegãos, que até agora tinham recusado, e conduzirá a um tratado permanente de paz que, a existir, põe fim a uma guerra que remonta a 2001 e que se tornou o mais longo conflito militar em que os EUA estiveram envolvidos.

O acordo contempla ainda a retirada gradual das tropas norte-americanas e a libertação de cerca de metade dos taliban que tinham sido feitos prisioneiros pelas forças do Governo afegão.

“As negociações com os americanos terminaram e o acordo entre as duas partes foi finalizado”, disse o porta-voz dos taliban, Suhail Shaheen.

Na sexta-feira, o Governo afegão e os taliban já tinham concordado em reunir-se em Oslo, no dia 10 de Março, na sequência de negociações com os Estados Unidos que permitiram o estabelecimento de uma trégua temporária em que as forças rebeldes se comprometiam a reduzir a violência por um período de sete dias.

Nesta segunda-feira, os taliban confirmaram que as negociações com o Governo afegão terão início logo após a assinatura de um documento, em Doha, nos próximos dias, antes da reunião de Oslo. Abdul Salaam Hanafi, membro do gabinete político dos taliban no Qatar, disse que a assinatura do tratado deverá ocorrer ainda em Fevereiro.

Os taliban dizem que o primeiro passo desta nova fase passará pela libertação de 5000 dos cerca de 11 mil guerrilheiros do movimento que se encontram presos. Em troca, os taliban comprometem-se a libertar cerca de mil prisioneiros das forças afegãs.

Os pormenores do acordo ainda não foram divulgados, mas informações preliminares sobre o projecto preparado pelos negociadores, e divulgado em Setembro do ano passado, indicavam que esteja contemplada a retirada de cerca de cinco mil soldados norte-americanos nos 135 dias seguintes à assinatura do documento.